Entrevista concedida pela FUNVERDE para a revista HM! sobre as malditas sacolas plásticas de uso…
Por que ter tantas coisas, se você pode partilhar?
Nova economia incorpora hábitos cooperativos
Por que as pessoas continuam a comprar bens que utilizam pouquíssimas vezes em um ano, como furadeiras, ou mesmo batedeiras de bolo, ou automóveis onde existe farto transporte público e eles são usados apenas para viagens de vez em quando? Por que não partilhar isto como se partilham informações na internet?
A própria internet, e o debate sobre a insensatez da continuação do consumo nos padrões atuais, estão levando à criação de uma nova economia. Não é necessário pensar muito para ver o papel da tecnologia neste quadro. O que começou a ser partilhado na rede como informação se tornou rapidamente uma nova atividade econômica, com pessoas repartindo suas casas, carros e talentos com a ajuda de dispositivos móveis, como celulares.
Não chegou ainda aqui, mas espera-se que não demore. Serviços como o Airbnb, nos EUA, permitem que pessoas aluguem quartos nas casas de outros em vez de ocuparem quartos caros de hotéis – que nem sempre de qualquer forma estão disponíveis. O Getaround, no mesmo país, permite que indivíduos aluguem carros da vizinhança que não estão sendo usados naquele momento. Você nem precisa morar por perto.
Esta intersecção de partilha com tecnologia está contribuindo com a criação de uma saudável mentalidade de “tenha menos, use mais.” Ao deixarmos de lado plataformas que requerem a produção de novos ativos, como carros ou quartos de hotel, estamos gerando menos bens e tendo acesso a uma ampla variedade de bens e serviços. Os impactos para o ambiente são significativos: quando se mede emissões de carbono, a partilha de acomodações é 66% mais eficiente que quartos de hotel, e repartindo carros, as emissões individuais de gases estufa caem em 40%.
Tudo isto está dando às pessoas o que tem de ser definido também com uma palavra nova: empoderamento. Elas escapam do apelo até aqui implacável e irresistível ao consumo desenfreado de bens, simplesmente porque existe uma alternativa mais responsável e sadia. E ajudam a criar novas redes sociais, comunidades mais coesas e centenas de pequenas empresas locais – fugindo do domínio predador das grandes corporações.
A economia usa o termo “excesso de capacidade” para se referir a um ativo subutilizado que não está sendo plenamente usado para criar valor – como por exemplo uma fábrica ociosa ou funcionando em apenas um turno, quando poderia operar em dois ou três. Ou um carro na garagem. Ou um quarto de hotel vazio por dias. Isto pode ser alterado, sem a geração de mais lixo e poluição.
O que se pergunta, com o surgimento desta tendência é: isto é uma ameaça aos negócios existentes, uma oportunidade, ou as duas coisas? As duas, diz o Triple Pundit. Um serviço como o britânico ParkatmyHouse, no qual as pessoas alugam suas garagens ou espaços de estacionamento, coloca em risco empresas tradicionais de estacionamento, assim como o setor hoteleiro ou locadoras tradicionais de automóveis poderão sofrer. Mas isto faz parte de qualquer revolução. “Há um movimento verdadeiro na economia global,” afirma Brian Chesky, presidente da Airbnb. Sua empresa se transformou em um xodó dos investidores concentrados no Vale do Silício – recentemente, ela foi avaliada em U$ 2.5 bilhões, quatro anos depois de formada.
Fonte – José Eduardo Mendonça, Planeta Sustentável de 08 de janeiro de 2013
Quer exemplos simples? Quantas vezes por ano você usa sua escada, furadeira, cabo de carga de emergência para a bateria do carro, kit de ferramentas para utilização em consertos nas casas, cortador de grama…? coisas que acabam estragando tendo sido usadas não mais que uma dúzia de vezes.
Este Post tem 0 Comentários