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Porque é que as tampas estão agora presas às garrafas de plástico na Europa?
Por – www.publico.pt – 18 de julho de 2024 – Garrafas de bebida de plástico com capacidade inferior a três litros passam, a partir de Julho, a ter tampas presas à embalagem. Mudança deve-se à directiva europeia para reduzir poluição plástica. Directiva europeia obriga a partir de Julho que as garrafas de bebida até três litros tenham a tampa presa à embalagem Getty Images.
Já chegaram às prateleiras garrafas de bebida de plástico com um novo detalhe: ao ser rodada, a tampinha não se desprende da embalagem, mantendo-se fixa ao gargalo por meio de um anel.
Esta mudança, que entra em vigor dia 3 de Julho de 2024, resulta de uma directiva europeia que tem como objectivo reduzir o impacto da poluição plástica no ambiente – e evitar, por exemplo, que estes materiais contaminem praias e ecossistemas marinhos.
“O novo design das garrafas de bebida de plástico com capacidade inferior a três litros decorre de uma imposição europeia, mais concretamente da directiva europeia dos plásticos de uso único.
As novas orientações impõem que estes recipientes só podem ser colocados no mercado se as tampas permanecerem fixas às embalagens durante a utilização prevista do produto”, lê-se numa nota do Electrão enviada ao PÚBLICO.
A ideia é que a garrafa plástica, uma vez vazia, possa chegar completa ao ecoponto amarelo.
“O objectivo é que a tampa não se extravie e possa ser correctamente encaminhada para a reciclagem em conjunto com a garrafa. Esta medida evitará, por exemplo, que a tampa de uma garrafa possa ir parar ao oceano, contaminando o meio aquático com microplásticos”, refere o Electrão no mesmo documento.
A Electrão é uma associação responsável não só pelos sistemas de recolha e reciclagem de resíduos de pilhas e equipamentos eléctricos usados, mas também de embalagens, incluindo as de plástico.
Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos, explica ainda há um outro factor, ligado à pequena dimensão das cápsulas e tampas, que justifica o novo design.
“Se forem colocadas soltas, sem a totalidade da embalagem, no ecoponto, o mais certo é que se percam nos crivos dos centros de triagem e não sejam recicladas. Isto porque são muito pequenas”, afirma a responsável ao PÚBLICO, numa resposta por escrito.
Estima-se que cerca de metade dos resíduos marinhos da União Europeia sejam constituídos por objectos de plástico de utilização única, ou seja, produtos como talheres descartáveis ou garrafas de bebida que são usadas uma só vez (e, muitas vezes, por poucos minutos).
As tampas de plástico estão entre os resíduos mais encontrados nas praias do continente e, como consequência, foram considerados prioritários na directiva 2019/904, que já foi transposta para a lei portuguesa.
Consumidores incomodados
Há quem esteja incomodado com o novo formato e partilhe nas redes sociais comentários críticos, ou mesmo imagens alusivas ao alegado falhanço do novo design.
Um artigo do Wall Street Journal, por exemplo, refere que a experiência de consumo da bebida agora é menos agradável: a tampa fixa pode arranhar o nariz, os lábios ou as bochechas, por exemplo, ou então ser mais difícil de fechar, dizem alguns consumidores.
A orientação que tem sido dada aos consumidores é para que não removam a tampa da garrafa, salvo casos muito excepcionais.
Aqueles que têm o hábito de separar tampinhas para campanhas solidárias – há famílias com crianças com deficiência, por exemplo, que angariam dinheiro para terapias através da recolha de tampinhas –, podem continuar a fazê-lo se tiverem o cuidado de guardar as peças de plástico num local seguro até ao momento da entrega.
Patrícia Carvalho recorda que há vários projectos de cariz solidário ou social que recolhem embalagens completas.
“Se pretender mesmo apoiar um projecto específico de recolha de tampinhas, deverá tomar os cuidados necessários para que as tampinhas não se percam para o ambiente e que o projecto garanta o correcto encaminhamento das mesmas para a reciclagem.
Não esquecer também de colocar na reciclagem o resto da embalagem”, alerta a coordenadora do Pacto Português para os Plásticos.
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