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Porque não apoiamos combustível feito de comida – biocombustíveis e alimentos

Veri’s kleiner Winkel

Continuando o post anterior, também não apoiamos combustíveis feitos de comida pelo mesmo motivo, o uso de terra fértil e água, recursos cada vez mais raros para fazer combustível. Isto é mais um dos crimes cometidos contra a humanidade em nome da ganância desenfreada sem responsabilidade ambiental, para com os seres de hoje e os que ainda não nasceram.

Temos o dever de conservar este planeta para os futuros habitantes poderem viver e não apenas sobreviver. Temos hoje tecnologias sustentáveis para combustíveis sem haver a necessidade de destruir recursos naturais para criação de combustível.

Scientific American Brasil – edição especial nº 32 – Todas as fontes de energia

Biocombustíveis e Alimentos

Por Kenneth G. Cassman – professor de agronomia e ciência do solo da University of Nebraska e especialista em análise de produtividade de safras

Para aprimorar políticas de aproveitamento de colheitas é preciso investir em pesquisa de ponta

A humanidade tem desfrutado de um raro período de fartura na produção agrícola desde que teve início a revolução verde em meados da década de 60. Essa tendência sustentou o desenvolvimento econômico e uma significativa redução da fome e da pobreza no mundo. No entanto, é possível que haja uma drástica mudança nesse quadro, devido ao forte crescimento econômico nos países mais populosos do mundo e à perda de terras aráveis.

O aumento de renda leva as pessoas a consumir mais carne e laticínios, o que exige uma produção maior de grãos por unidade de área para alimentação animal. A rápida expansão da produção de biocombustíveis apenas complica a competição entre alimentos e combustível.

Além disso, as safras de arroz e de trigo tentam superar o limite genético de produção permitida pelas variedades atuais e o índice de aumento das safras não é suficiente para atender à demanda por ração para animais, alimentos e biocombustíveis para os 6,5 bilhões de habitantes do mundo. Sem melhoras significativas, o desmatamento descontrolado e a degradação ambiental serão resultados inevitáveis da tentativa de alimentar os 9 bilhões de habitantes que a Terra terá em 2050.

Debate-se agora se as mudanças climáticas reduzirão ainda mais a capacidade do mundo de se alimentar. É fundamental avaliar os efeitos de longo prazo para estabelecer políticas capazes de garantir a produção de alimentos. Infelizmente as respostas são conflitantes. Grande parte dessa polemica existe porque as pesquisas sobre produtividade de solo realizadas em estufas e em pequenas áreas – os métodos experimentais atuais – não são capazes de prever a produtividade das áreas plantadas em escala comercial; não há como comparar a produção em grande escala. Sem medições diretas sob condições realistas de crescimento, temos de recorrer a simulações por computador ou a avaliações de dados históricos – e aqui também aparecem resultados conflitantes.

Há uma necessidade urgente de quantificar melhor o impacto projetado das mudanças climáticas sobre as grandes plantações. O financiamento para experiências reais, no entanto, está diminuindo. E a vinculação dos modelos de mudanças climáticas com a produção de grãos é relativamente rudimentar.

Os formuladores de políticas dependem desse trabalho, mas os modelos são limitados pela ciência em que se baseiam. Os modelos de previsão devem ser validados por medições reais de como o clima afeta o crescimento de colheitas em ecossistemas agrícolas reais, ao longo do tempo e em diferentes regiões. Sem uma validação rigorosa, os modelos podem ser enganosos, na medida em que pequenos erros se transformam em grandes.

O seqüestro de carbono pelo solo é um desses casos. Os modelos prevêem que o solo reterá mais gás carbônico com a chamada prática de produção sem arar a terra, na qual os caules e as raízes são deixados para se decompor depois da colheita. Apesar disso, nenhum estudo recente baseado em medições diretas do solo confirmou qualquer melhora efetiva.

Não podemos ficar à espera de simulações perfeitas; decisões políticas devem ser tomadas com o conhecimento disponível, mesmo que imperfeito. O perigo, obviamente, é que políticas equivocadas baseadas em modelos incorretos possam desperdiçar bilhões de dólares. Temos de gastar mais em pesquisas reais para aperfeiçoar os modelos e poder prever melhor o impacto das mudanças climáticas. Somente depois poderemos decidir se o mundo pode suportar mais safras para alimentar os biocombustíveis.

E como sempre dizemos, um bom caldo de galinha e o princípio da precaução nunca fizeram mal a ninguém.

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