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Power to the people – energia verde para a comunidade

No passado, as pessoas tinham acesso à energia barata (ou gratuita) quando utilizavam o carvão vegetal e havia ampla disponibilidade de matas. Porém, além dos danos ambientais causados pelo desmatamento, esta alternativa deixou de ser viável com o crescimento populacional e para quem passou a morar nas grandes cidades. A produção e distribuição de energia ficou concentrada em grandes empresas e/ou nas mãos do Estado. O povo passou a ser simples consumidor pagando pelo energia utilizada.

Todavia, isto pode estar mudando, concomitantemente ao começo de uma revolução energética verde. Por exemplo: o governo britânico anunciou detalhes sobre as taxas que serão pagas para energia renovável gerada pelos proprietários e comunidades. Chamado de Clean Energy Cashback, ou “Feed-in Tariff” (FIT), o objetivo é proporcionar um bônus acima do mercado, que incentive os indivíduos e grupos a investir em painéis solares, turbinas eólicas e outras formas de energia verde.

Paul King, chefe executivo da UK Green Building Council, disse à CNN que o anúncio vai ajudar a tornar as energias renováveis em pequena escala uma opção mais atraente e viável para as famílias, comunidades e empresas. Ele também acredita que ele irá também apoiar uma indústria verde emergente e gerar empregos de alta qualidade. Quando a Alemanha introduziu um esquema similar ao FIT, 10 anos atrás, foi o marco para a revolução da energia verde no país, transformando-o em um líder europeu em energias renováveis.

Segundo a CNN, uma pesquisa no final de janeiro de 2010 feita para a Associação de Energia Renovável Amigos da Terra revelou que 71% dos proprietários de casas no Reino Unido disse que iriam considerar a instalação de sistemas de energia verde se fossem pagos em dinheiro o bastante. Isto é, se for adotado a micro geração de energia poderiam transformar a forma como as habitações são construídas, significando não apenas construir casas novas, mas também incluir pelo menos alguns tipos de geração de energia renovável em pequena escala.

Atualmente as tecnologias mais susceptíveis de serem utilizados tem sido painéis solares térmicos e painéis fotovoltaicos que podem ser acomodados ou integrado em telhados. Mas pode-se olhar para a frente, no futuro, à escala da comunidade e perceber o potencial de eletricidade e calor que podem ser gerados a partir de tecnologias renováveis.

Outro exemplo de produção de energia controlada pela comunidade vem da Dinamarca. A ilha de Samso iniciou os esforços para se tornar auto suficiente em termos energéticos, em 1997, dependendo apenas das energias renováveis. Hoje está perto de o conseguir e os habitantes não só cobrem as suas próprias necessidades energéticas como vendem energia à rede pública.

Embora tenha havido alguma resistencia inicial por parte da população, majoritariamente dedicada à agricultura, hoje os habitantes de Samso são entusiastas da causa das energias renováveis, dispondo a nível doméstico de painéis fotovoltaicos ou pequenos aerogeradores que não só suprem as suas necessidades como ainda lhes dão lucro através da venda do excesso de energia produzido. Samso dispõe de 11 cataventos que podem fornecer a energia eléctrica necessária a toda a ilha, a par de quatro estações de biomassa e 2500m2 de colectores solares que cobrem 70% dos gastos associados ao aquecimento. A estes há ainda que adicionar os aerogeradores situados 3,5 km da costa.

A ilha de Samso continua ligada à rede elétrica da Dinamarca, mas a energia que chega à ilha é muito menor do que a energia que sai, sendo que a exportação de energia superou a de batatas.

Estes exemplos mostram que, paralelamente à revolução verde na energia, pode haver uma revolução no tipo de propriedade de sua produção, possibilitando que o povo tenha poder sobre o futuro energético de cada país e do Planeta.

Power to the people
John Lennon
….
Say you want a revolution
We better get on right away
Well you get on your feet
And out on the street
Power to the people
Power to the people, right on

Fonte – José Eustáquio Diniz Alves para o EcoDebate de 21 de julho de 2010

Imagem – daniwally

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