O químico é usado antes do plantio de grãos para controlar as ervas daninhas e estaria sendo levado para os pomares através do vento.
Ao chegar até as videiras, ele provocaria diversos estragos, como interrupção do crescimento e morte das plantas.
“O produto é absorvido em todas as folhas e ele transloca para cima, sempre para os ramos, para folhas mais novas. Tem esse prejuízo e, em muitos casos, a planta para o crescimento”, explica o fiscal estadual agropecuário Fernando Turna.
O produtor e presidente da Cooperativa Vinhos Jaguari, João Alberto Minuzzi conta, por exemplo, que os agricultores usavam cerca de 700 mil quilos de uva por ano para fazer vinho, mas que, na última safra, os 58 associados não conseguiram produzir mais do que 420 mil quilos.
No total, os associados tinham 120 hectares plantados e 20 já foram erradicados.
“Então já não está tendo mais lucro. Aí os produtores estão indo para outras culturas e erradicando as videiras e tendo prejuízo porque ninguém está sendo ressarcido por isso”, conta João.
Contaminação pelo ar
Na cidade de Jaguari, há uma legislação específica para o controle do uso do 2,4-D.
Desde 2017, é proibida a aplicação entre setembro e março em uma raio de até 2 quilômetros dos parreirais. Os produtores dizem que a legislação está sendo respeitada, mas o problema não diminui.
“Nós temos dois tipos de deriva: uma causada pelo vento – e essa realmente não vai muito longe – e outra causada pela inversão térmica. Ou seja, o produtor aplica o produto mal aplicado, gota muito fina – e esse produto não é para ser usado em gota fina, ele pulveriza demais”, conta Turna.
“Parte desse produto aplicado em determinadas horas do dia não chega no alvo. Ou seja ele não chega na planta. Ele sobe e fica no ar. E se desloca. Então depois da chuva começa aparecer esses sintoma. Ou seja parece que a chuva fez o produto descer”, acrescenta.
No total, 31 municípios do RS denunciaram casos assim e as análises em laboratório confirmaram que é mesmo o 2,4-D que está afetando as plantas e até culturas mais resistentes, como a laranja.
“A gente nota que ele vem no ar e, onde ele caiu, a gente nota que enruga e acaba diminuindo o pé. Vem no ar, de longe, onde caiu ele vai fazer o processo dele, vai matando o pezinho, aí vai à morte”, diz o produtor Lenir Guasso Guerra.
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