Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Químico cancerígeno e redutor de fertilidade, usado no plástico, encontrado em quase 90% dos adolescentes britânicos
O bisfenol A, associado ao aparecimento de cancros, à redução da fertilidade e a problemas cardíacos, usado em grande escala na produção de plásticos, foi encontrado no corpo de quase 90% dos adolescentes participantes num estudo no Reino Unido
Um estudo da University of Exeter, no Reino Unido, descobriu a presença de bisfenol-A (BPA) nas amostras de urina de 86% dos 94 adolescentes selecionados para um estudo.
OBPA é um químico cancerígeno associado a reduções da fertilidade, a problemas cardíacos e a diabetes, e é utilizado no fabrico de vários tipos de plástico desde 1960.
A substância imita as propriedades do estrogénio e já foi associada ao aparecimento de cancros da mama e da próstata, assim como a contagens baixas de espermatozoides.
A presença do químico numa percentagem tão alta dos adolescentes preocupa os profissionais, que consideram ser quase impossível evitar o contacto com o material nos nossos dias.
“A maior parte das pessoas está exposta a BPA diariamente. Neste estudo, os nossos estudantes investigadores descobriram que nos dias de hoje, com as leis de rotulagem atuais, é difícil evitar estaexposição ao alterarmos a nossa dieta”, explica Lorna Harries, professora na University of Exeter e coautora do estudo.
“Num mundo ideal, teríamos uma escolha sobre o que por nos nossos corpos. No presente, visto ser difícil identificar quais as comidas e as embalagens que contém BPA, não é possível fazer essa escolha”, conclui.
A Agência Europeia dos Produtos Químicos considera o BPA uma substância de “elevada preocupação” capaz de causar efeitos “graves na saúde humana” e, ao mesmo tempo, “nocivos no ambiente”.
O BPA é utilizado maioritariamente para endurecer o plástico e o tornar mais resistente.
Apesar do contacto com objetos de plástico já expor os indivíduos ao químico, a maneira mais comum de exposição é através das embalagens usadas na indústria alimentar, que deixam passar o BPA para os alimentos.
Mesmo quando os adolescentes evolvidos no estudo tentaram manter uma dieta livre de BPA durante uma semana, não houve declínios quantificáveis nos níveis da substancia presentes na urina, relata o estudo.
Tal pode-se dever ao facto de que, mesmo os alimentos que não são embalados em plástico possam conter ingredientes que foram porventura expostos a BPA. Os produtos processados são um exemplo disso.
“Descobrimos que uma dieta desenhada para reduzir a exposição a BPA, que incluía evitar frutos e vegetais embalados em recipientes plásticos, comidas enlatadas e refeições pré-cozinhadas desenhadas para ser reaquecidas em microondas e embaladas em recipientes de plástico; teve pouco impacto nos níveis de BPA presentes no corpo”, conclui Tamara Galloway, professora da universidade e autora principal do estudo.
Estudos anteriores demonstraram que o BPA se mantém no corpo durante longos períodos de tempo, mesmo quando um indivíduo se mantenha em jejum durante 24 horas.
A Agência Europeia dos Produtos Químicos tem já um conjunto de medidas a entrar em vigor ao longo dos próximos anos, de combate ao uso do BPA.
Fonte – Visão de 12 de fevereiro de 2018
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