A produção nacional cresceu de 6% a 7% no final de 2020, porém era esperado um crescimento maior, que não foi possível por conta da escassez de matéria-prima para a embalagem.
As empresas encontraram dificuldades para atender o consumidor final e muitas tiveram que importar quase 30% de sua necessidade a um preço super elevado.
Já outras tiveram que optar pelo alumínio, que teve uma alta de quase 24% do seu valor.
Pelo que se sabe, não se trata de um novo contexto para os recipientes de vidro.
Desde 2018, a fabricação nacional não consegue atender o aumento do consumo da indústria cervejeira e vinícola.
Com a pandemia, essa situação se agravou.
O medo e a incerteza de um futuro desconhecido provocado pela Covid-19, fez com que os fabricantes de cerveja, vinhos e refrigerantes freassem a compra de embalagens por receio de uma diminuição na venda de produtos.
Porém, o que aconteceu foi que o consumo de bebidas aumentou quase 100% neste período.
Além disso, os itens eram comprados em supermercados e não em restaurantes e bares, dificultando a volta do insumo para as fábricas e ocasionando um descarte maior de garrafas.
A alta do dólar sobre o real também foi um fator de grande impacto.
Sendo assim, a importação de vidro ficou inviável, pois se ela fosse realizada com a cotação atual, o consumidor pagaria essa conta com o aumento no preço do produto.
O que seria muito complicado, principalmente neste momento em que o desemprego e inflação no país batem recordes.
Por conta de todos esses fatores é que a reciclagem é tão importante e necessária.
O vidro é um material 100% reciclável, ele leva 4 mil anos para se decompor e pode ser reutilizado infinitas vezes.
Se pensarmos de uma maneira lógica, não seria necessário comprar matéria-prima, pois temos garrafas fabricadas o suficiente que podem ser reutilizadas, gerando uma economia circular favorável.
Além desse modelo abastecer um mercado necessitado, também estamos falando de sustentabilidade.
A volta do vidro como recipiente é a realidade de um mundo que respeita a natureza.
O uso desnecessário de plástico causa um impacto negativo e danos irreversíveis para o planeta.
Por muito tempo, para comprar um refrigerante ou cerveja você precisava trocar por uma garrafa vazia, trocar o que já está usado por um novo.
Basicamente é isso que estamos falando, como se fosse um ciclo, onde não há espaço para o desperdício.
Além de ser favorável ao meio ambiente, é um mercado em ascensão acelerada, pois ele assiste uma necessidade de grandes indústrias de bebidas, principalmente em um momento de alta do dólar e grande procura.
Com o assunto ESG em discussão, muitas empresas já estão optando por fazer parte de negócios que respeitem o meio ambiente.
As marcas querem ter seus nomes atrelados a projetos sustentáveis, como é o caso da Heineken e da Coca-Cola que já entenderam a importância de cuidar e preservar a natureza.
Por isso, hoje já se beneficiam dessa estrutura circular de comércio, investindo em projetos que fazem a recolha do casco e a reciclagem do insumo.
O reaproveitamento do vidro é um negócio que tem todos os motivos para desenvolver-se.
Sustentável, gera emprego e supre a necessidade da indústria.
Projetos assim geram consequências sociais e ambientais efetivas, por isso é um modelo que podemos e devemos investir mais.
Um assunto que ainda vamos ouvir falar bastante!
*Rodrigo Clemente é empreendedor e fundador da JVMC, dona da BLZ Recicla, uma empresa que atua em todo o ciclo de recuperação do vidro, desde o recolhimento do material junto à comunidade de catadores até a entrega do material reciclado. Surgiu em 2019 para colaborar com o desenvolvimento da sociedade em que está inserida e para deixar uma contribuição positiva no progresso da humanidade. Rodrigo é um profissional de negócios inconformado e incansável na busca de soluções para problemas de mercado. Atualmente, ele está à frente de algumas empresas que fazem parte do grupo JVMC participações.
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