Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Resposta do IDEAIS para Planeta Sustentável
Sacolas – tire as dúvidas
Afinal de contas, qual é a diferença entre a sacola descartável de plástico comum, a oxibiodegradável e a biodegradável? Alguma delas é a melhor solução como alternativa para carregar as compras sem destruir o meio ambiente? Elas são recicláveis? Com a ajuda do especialista em resíduos sólidos Sandro Donnini Mancini, professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Sorocaba, tentamos esclarecer essas questões.
Sacolas de plástico comum – Feitas de polietileno, substância derivada do petróleo e não biodegradável. Há quem diga que esse material continua poluindo o meio ambiente por uma ou até cinco centenas de anos.
A palavra do professor Mancini: “O plástico foi inventado em meados do século 20 (pouco mais de 60 anos atrás). Falar que ele dura muito mais que 100 anos é um chute, ninguém sabe na realidade. Há estudos sérios que simulam a biodegradação desse material em solos, mas os resultados não são exatos. Até porque os aterros sanitários ou lixões quase não têm solo, eles são basicamente amontoados de lixo, um ambiente com pouco oxigênio, o gás necessário para acelerar a degradação. Quando uma nova camada de lixo é depositada, a quantidade de oxigênio fica limitada. Então é melhor dizer que o tempo para sua degradação é indeterminado”.
Reciclagem – Sim, sacolas de plástico comum podem ser recicladas. Mas como são produzidas e consumidas aos bilhões, apenas uma pequena porcentagem é reaproveitada na reciclagem. Desse modo, a maioria esmagadora vai poluir solo, redes de esgotos das cidades, mananciais e oceanos. “Existem várias fábricas que reciclam sacolinhas, até porque o preço da matéria-prima é baixo. O processo também é mais barato: fica bem mais fácil reciclar plásticos, porque a maioria derrete antes dos 200º C de temperatura, do que reciclar alumínio (700º C), vidro (1000º C) e aço (1500º C). Mas a grande maioria das sacolas acaba em destinos corretos (como aterros) ou não, como os citados acima”, reconhece o especialista da Unesp.
Sacolas de plástico oxibiodegradáveis – As oxibio, como são “simpaticamente” conhecidas, também são produzidas com o polietileno, mas aditivadas com um sal metálico degradável, conhecido como d2w. O professor Mancini explica: “A molécula do plástico é como uma imensa corrente e o d2w entra no meio dela. O oxigênio reage com esse aditivo e a corrente se quebra. Assim a sacola começa a esfarelar e iniciaria a biodegradação dos pedaços pequenos. Iniciaria porque, pelo que vi, essa biodegradação – em condições de aterro sanitário – não é consenso da comunidade científica. Muitos pesquisadores fizeram testes específicos em solo e deu certo, mas o aterro não tem solo ou tem muito pouco”. Sendo assim, mesmo que sumam de vista, esses inúmeros pedacinhos de plástico continuam poluindo e contaminando o planeta por muito tempo.
Reciclagem – Complicada, já que se deterioram e se esmigalham por conta do aditivo d2w. “Se o ataque do oxigênio no material não começou durante o uso da sacola, vai começar depois da vida útil, ou seja, provavelmente durante ou depois da reciclagem. Aí o cidadão que usa uma sacola oxibio reciclada terá um produto se deteriorando em pleno uso e vai crer que ele é ruim porque é reciclado” diz Sandro Mancini.
Sacolas biodegradáveis – São feitas com polímeros distintos, geralmente o poliácido láctico e o polihidroxibutirato, de composição completamente diferente do polietileno. Eles permitem reações bioquímicas com bactérias que decompõem o material. Outros polímeros igualmente biodegradáveis podem ser obtidos a partir de amidos de milho, batata ou mandioca. “São polímeros comprovadamente biodegradáveis, só que mais caros – inviabilizando a produção em escala industrial – e com vida útil muito menor”, afirma Mancini.
Reciclagem – São recicláveis, desde que o processo de biodegradação não tenha sido iniciado.
O resumo da ópera: para o professor Sandro Mancini, “o melhor que temos a fazer é mesmo reduzir e reutilizar”. Ele conclui: “mesmo no caso dos polímeros biodegradáveis, o que os fabricantes querem é dar ao consumidor a ilusão de que pode fazer o mais cômodo – pegar sacolas gratuitamente – com a consciência tranquila por acreditar que é correto utilizar sacola biodegradável ou oxibio”. Então, a saída mais saudável continua sendo reduzir, reutillizar, evitar. E ir às compras com as boas e velhas sacolas retornáveis.
A resposta do Instituto IDEAIS à matéria do Planeta Sustentável
Plásticos biodegradáveis são divididos em dois grupos com terminologias técnica diferentes que descrevem como se dá o processo. São eles: Os oxibiodegradáveis e os hidrobiodegradáveis. Os primeiros degradam por oxidação e os últimos por hidrólise. Para ambos os casos, se um percentual de biodegradação X período de tempo são cumpridos em usinas de compostagem ( normas EN 13432 ou ASTM 6400 ) eles podem ser rotulados como compostáveis. O termo oxibiodegradável é definido na Norma TC249/WG9 da União Europeia como “ degradação identificada como resultado de fenômeno oxidativo mediado por células, tanto simultâneo ou sucessivamente” . Plásticos oxibiodegradáveis são testados de acordo com as normas BS 8472, ASTM 6954-04 entre outras, que conferem a degradação, biodegradação e ausência de ecotoxicidade. Este tipo de plástico é reciclado todos os dias no mundo todo, juntamente com os plásticos convencionais e novos plásticos oxibiodegradáveis podem ser produzidos a partir de plásticos reciclados.
Quando degradados por oxidação, processo este que é acelerado por luz, calor e estresse do material, as partículas não são mais consideradas plásticos e são biodegradáveis como uma folha de árvore. E a degradação nestas condições só acontece justamente por que foram abandonados e não reciclados.
Plásticos hidrobiodegradáveis são em geral derivados de amido (PLA), além de outros materiais que dão origem ao PCL, PHB, PBAT, entre outros. Ao contrário dos oxibiodegradáveis, estes plásticos não podem ser reciclados juntamente com os plásticos convencionais. É importante frisar que pouco mais de 50% destes plásticos hidrobiodegradáveis são derivados de fontes renováveis. O restante é derivado do refino do petróleo ou do gás natural.
Qual a diferença entre o plástico convencional e os biodegradáveis? Os plásticos biodegradáveis cumprem normas de biodegradação e ausência de resíduos nocivos, enquanto os convencionais não.
Plásticos biodegradáveis (oxibiodegradáveis ou hidrobiodegradáveis) cumprem o que prometem desde que existam condições para isso. Nenhum plástico deveria ser destinado a aterros e sim para a reciclagem. Como o descarte correto, a coleta e destinação nem sempre acontecem, e em muitos casos os plásticos ficam abandonados no meio ambiente de onde jamais serão coletados, os plásticos biodegradáveis que cumprem normas são alternativa segura para minimizar os problemas reais de poluição plástica.
Estes são os fatos e normas que sustentam terminologia e desempenho dos plásticos biodegradáveis.
Fonte utilizada para definição, reciclagem e normas: http://www.rapra.net/consultancy/biodegradable-plastic.asp
Fonte e imagem – Afonso Capelas Jr, Planeta Sustentável de 09 de maio de 2014
Nota da FUNVERDE – Concordamos com o entrevistado, o ideal é sempre usar sacolas retornáveis, que em um ano podem evitar o uso de mais de mil sacolas plásticas de uso único. Acontece que nem sempre há a possibilidade de uso da sacola retornável. Para empacotar produtos como carnes, peixes, produtos molhados, por exemplo, há a necessidade do uso do plástico e nesse caso a melhor opção, apoiada pela FUNVERDE desde 2005 como solução para o plástico é o plástico oxibiodegradável que se degrada e após, se biodegrada. E tem mais, o plástico oxibiodegradável pode ser usado como embalagem primária de produtos, como embalagem de arroz, pote de sorvete, xampu… num país em que 45% das cidades ainda tem lixões e a reciclagem não chega a 1%.
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