Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Revolução da energia barata chegou e o carvão está de fora
As energias eólica e solar estão prestes a se tornarem invencíveis, a produção de gás natural e petróleo está se aproximando do pico e os carros elétricos e baterias para as redes de eletricidade esperam o momento de assumir o controle. Este é o mundo que Donald Trump herdou como presidente dos EUA. E ainda assim o plano energético dele é eliminar restrições para ressuscitar um setor que nunca voltará: o de carvão.
As instalações de energia limpa quebraram novos recordes em todo o mundo em 2016 e as energias eólica e solar estão recebendo duas vezes mais financiamento que os combustíveis fósseis, segundo novas informações divulgadas na terça-feira pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF). Isso se deve em grande parte ao fato de os preços continuarem caindo. A energia solar está se tornando, pela primeira vez, a forma mais barata de gerar eletricidade nova no mundo.
Mas com os planos de desregulamentação de Trump, o que “vamos ver é a era da abundância — turbinada”, disse o fundador da BNEF, Michael Liebreich, durante apresentação em Nova York. “É uma boa notícia economicamente, mas há um pequeno senão: o clima.”
Os subsídios governamentais têm ajudado as energias eólica e solar a garantirem presença nos mercados globais de energia, mas as economias de escala são o verdadeiro motor por trás da queda dos preços. As energias eólica e solar não subsidiadas estão começando a ganhar a concorrência contra o carvão e o gás natural em um grupo cada vez maior de países.
Os EUA podem não liderar o mundo em energias renováveis enquanto porcentagem da produção de sua rede, mas vários estados estão superando as expectativas.
As energias eólica e solar decolaram — a tal ponto que as operadoras de rede da Califórnia estão enfrentando alguns dos mesmos desafios de regular as oscilações das energias renováveis de alta densidade que têm afetado a revolução energética da Alemanha. A expansão nos EUA não é a primeira, mas tem sido notável.
A demanda por eletricidade nos EUA vem caindo, em grande parte devido à eficiência energética maior em tudo, de lâmpadas e TVs à indústria pesada. Em um ambiente como esse, o combustível mais caro perde, e este perdedor, cada vez mais, tem sido o carvão.
Com a entrada das energias renováveis na matriz, até mesmo as usinas de combustíveis fósseis que ainda estão em operação estão sendo usadas com menor frequência. Quando o vento está soprando e o sol está brilhando, o custo marginal dessa eletricidade é essencialmente gratuito, e energia gratuita sempre ganha. Isso significa também lucros menores para usinas de energia baseadas na queima de combustível.
A má notícia para as produtoras de carvão fica ainda pior. Os equipamentos de mineração dos EUA se tornaram maiores, melhores e muito mais eficientes. Talvez o que mais afeta os empregos na indústria do carvão sejam os equipamentos de mineração melhores. O estado da Califórnia atualmente emprega mais gente na indústria de energia solar do que a indústria do carvão em todo o país.
Fonte – Tom Randall, Bloomberg de 26 de abril de 2017
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