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Sacolas de supermercado viram recipientes para lixo

Jornal Folha de Londrina de 12 de junho de 2007

O lixo doméstico sempre foi um problema para as donas de casa. E quando o lixo ainda não era um problema ambiental das grandes cidades, as donas de casa usavam latas de 20 litros para colocar os resíduos domésticos. Mas a partir do momento em que a coleta foi ’’padronizada’’, elas se viram obrigadas a trocar as antigas latas por sacos plásticos. Hoje, este produto continua à venda nos supermercados, mas por uma questão de praticidade as donas de casa passaram a usar as sacolas que transportam suas mercadorias para colocar o lixo doméstico.

A administradora de empresas Tatiana Costa diz que vai aos supermercados ’’duas ou três vezes por semana’’ e toda vez usa ’’uma quantidade razoável’’ de sacolinhas para colocar suas mercadorias. Por isso, ela deixou de comprar os sacos plásticos exclusivos para lixo. ’’Eu reutilizo as sacolas para colocar o lixo da pia, do banheiro…’’ Tatiana afirma que junta tanta sacola que reparte o excedente com outras pessoas. ’’Eu divido com minha mãe, com minha sogra, com todo mundo’’.

Ela afirma também que sempre procurou ser ’’ecologicamente correta’’ separando o lixo orgânico do lixo reciclável e ficou, de certa forma, indignada em saber que as sacolas cedidas pelos supermercados podem demorar até 100 anos para se decompor na natureza. ’’Eu achava que essa sacola não prejudicasse o meio ambiente. Quer dizer que eu jogando a sacola no lixo, não estou ajudando então?’’ Ela, em compensação, ficou surpresa em saber que existem as sacolas ’’oxi-biodegradável’’, cuja decomposição demora cerca de um ano e meio. ’’Se é assim, os mercados deveriam adotar esse tipo de sacola’’, argumenta.

O serventuário da Justiça, Reginaldo Arcebispo de Sá, também aproveita as sacolinhas dos supermercados tanto para colocar o lixo orgânico quanto o reciclável, porém, em embalagens separadas. Mesmo assim, ele garante que compra os sacos próprios para lixo para colocar ’’as sacolinhas menores’’. Sá afirmou ter consciência de que as sacolas usadas pelos supermercados ’’demoram um bom tempo para se decompor na natureza, mas não tem outra maneira’’. Ele afirmou saber da existência das sacolas que ’’demoram bem menos tempo’’.

Na opinião do serventuário, depende ’’apenas dos supermercados’’ a opção do tipo de sacola – a que demora mais tempo ou menos tempo, uma vez que para o consumidor não há ’’tanta’’ diferença. ’’Os supermercados sabem que a gente precisa levar as mercadorias para casa, então precisam oferecer a outra sacola que seja melhor para o meio ambiente’’.

Estabelecimentos têm prazo para ‘adequação’

O Ministério Público responsável pelas questões ambientais no Paraná deu prazo até o próximo dia 22 para que as principais redes de supermercados do Estado façam ‘‘as adequações necessárias’’ quanto à utilização das sacolas plásticas que são distribuidas aos consumidores na hora da compra. As sacolas usadas pelos supermercados, foram raríssimas exceções, demoram cerca de 100 anos para se decomporem no meio ambiente e causam uma série de danos a rios, propriedades rurais, depósitos de lixo urbano, além de entupirem os bueiros das cidades.

A decisão do Ministério Público aconteceu depois que a FUNVERDE apresentou uma série de argumentos sobre os prejuízos que as sacolas causam à natureza. A sede da fundação é Maringá, mas a organização atua em âmbito nacional. Para o presidente da ong, Cláudio José Jorge, a decisão demonstra que ‘‘o Ministério Público está no caminho certo no que se refere ao meio ambiente’’, mas lamenta que ela tenha sido tomada ‘‘com um certo atraso’’.

Jorge afirma que somente no Estado do Paraná são distribuídas 1,2 bilhão das sacolinhas por mês nos supermercados.(E.A.)

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