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Sacos ecológicos
Gazeta de piracicaba de 23 de outubro de 2007
Projeto do capitão Gomes aguarda sinal verde ou vermelho de Barjas
LUCIANA CARNEVALE
Está nas mãos do prefeito Barjas Negri (PSDB), pronto para ser sancionado, ou vetado, o projeto de lei de autoria do vereador Capitão Gomes (PP), protocolado na Câmara no último mês de maio e aprovado recentemente em plenário, que trata sobre a substituição das chamadas ‘sacolinhas’ plásticas convencionais, bastante utilizadas em super, hipermercados, armazéns, padarias e até em empórios, por embalagens biodegradáveis. O novo material acarretaria num aumento aproximado de cerca de 40% dos custos de um estabelecimento, mas o comércio ganharia muito, segundo Capitão, em termos ambientais. “Enquanto a ‘sacolinha’ dura mais de um século para se degradar, a nova seria extinta na natureza em no máximo 18 meses”, argumenta.
Apesar da ponderação ecologicamente correta, a palavra final do chefe do Executivo, que não foi localizado ontem (22), pela Gazeta, é aguardada com ansiedade. Isso porque o governador José Serra, tucano a exemplo de Barjas, vetou projeto assinado pelo deputado estadual, Sebastião Almeida (PT), que também sugere a implantação das sacolas plásticas biodegradáveis. Os textos dos projetos são muito semelhantes.
O detalhe é que, apesar de integrarem os mesmos partidos, Serra e Barjas poderiam adotar atitudes distintas. Enquanto Serra rechaça a propositura do parlamentar petista, a partir de documento emitido pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano, ex-aluno da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), que alega que o plástico modificado continuaria contaminando o ecossistema, o prefeito de Piracicaba teria de analisar o veto a projeto de um vereador aliado. Politicamente, é o que se chama de ‘segurar uma batata quente nas mãos’.
Se de um lado Almeida articula a derrubada do veto ao seu projeto, na Assembléia – a Gazeta apurou que é raríssimo isso ocorrer – Capitão usa ‘armas’ técnicas e científicas para defender sua tese. Amparado por pareceres favoráveis das comissões permanentes da Câmara, por técnicos da Bioagri e pelo pesquisador Carlos Cerri, o pepista pretende aguardar a decisão de Barjas antes de se posicionar.
“Se o prefeito vetar o projeto, vou procurar explicar a ele o que pretendo”, observa. “Aproximadamente 56% do lixo plástico é formado por embalagens usadas. Três quartos disso é proveniente do uso doméstico e 80% do um bilhão de sacolas de compras produzidas e distribuídas por mês, no Brasil, viram sacos para lixo caseiro. Esse material vai para os aterros sanitários, deteriorando a natureza. As sacolas biodegradáveis, ao contrário, reduzem a poluição ambiental. É o que pretendo ponderar”, salienta Capitão.
Situação local
Estudo apurado pela Gazeta mostra que, em Piracicaba, de um total de 300 toneladas de resíduos coletados diariamente, 45 toneladas são de plástico que poderiam ser reciclados. As ‘sacolinhas’ de supermercado integram até 10% desse montante.
A volta das sacolas de pano
Enquanto Piracicaba espera por uma decisão de Barjas, a Prefeitura da cidade gaúcha de Lajeado, distante uma hora e meia da capital Porto Alegre (RS), com uma população de 67 mil habitantes, optou por uma atitude radical. Sacola de plástico, por lá, nem pensar. A moda, segundo Joseline Manfroi, coordenadora do Centro de Educação Ambiental do município, pelo menos por lá, é a utilização de sacolas feitas à base de algodão natural cru, com estampa em tom verde. Cansada de visualizar um verdadeiro ‘véu branco’, formado pela concentração de ‘sacolinhas’ no aterro sanitário local, Joseline, que falou ontem à Gazeta, disse que a Prefeitura decidiu agir para evitar um mal maior. “Em média, cada pessoa usava duas sacolas de plástico por dia, num total de 60 mensais. Multiplicado ao número de habitantes, o consumo girava em torno de 4.020.000 de sacolas. Um exagero”, salienta. “Não era possível mais admitir o uso de um produto derivado do petróleo, combustível fóssil, que tanto colabora para o aquecimento global”, explica a coordenadora.
Com o apoio de empresas, a Prefeitura de Lajeado produziu, inicialmente, oito mil unidades da sacola de mudou a cultura das pessoas e virou sucesso entre jovens e até entre idosos pelo estilo. Cerca de 7,5 mil foram distribuídas. Para ganhar a sua, a pessoa teria de apresentar, em troca, um quilo de alimento não-perecível.
As companhias que apoiaram a iniciativa tiveram seus logotipos estampados gratuitamente no verso das sacolas, que se transformaram, para muita gente, em bolsas próprias para um passeio no shopping ou passaram a ser consideradas perfeitas para a balada do final de semana. A idéia foi tão bem aceita que caiu, também, nas graças da iniciativa privada.
Joseline conta que alguns supermercados realizam promoções. Por exemplo: quem voltar a comprar na loja, com a sacola, recebe um cupom que dá direito à pessoa concorrer a um carro zero quilômetro.
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