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Saúde do planeta pode atingir ponto irreversível em poucos anos, alerta estudo global
Por Sofia Schuck – Reporter de ESG – EXAME – 8 de outubro de 2024 – Análise elaborada por coalizão internacional que incluiu a participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que 70% dos sinais vitais da Terra estão em estado crítico devido às mudanças climáticas – Dos 35 parâmetros climáticos, 25 atingiram recordes extremos em 2023 — entre eles, a temperatura média da Terra (batuhan toker/iStockphoto).
A saúde do planeta pode atingir um ponto irreversível ou em poucos anos, caso ações urgentes não sejam tomadas para mitigar a crise climática.
É isto que revela um estudo publicado na revista BioScience nesta terça-feira (8/10/24), ao alertar que dos 35 parâmetros utilizados para monitorar as mudanças no clima, 25 atingiram recordes extremos em 2023 (70%).
Entre os indicadores, estão a temperatura média da superfície da Terra, a cobertura de gelo e a acidez do oceano.
Alguns deles são considerados pontos de inflexão (ou “pontos de não retorno”) e representam limiares críticos que caso forem ultrapassados, podem desencadear mudanças irreversíveis no sistema climático e levar a consequências drásticas.
A análise, elaborada por uma coalizão internacional e liderada por cientistas da Universidade de Oregon (EUA), conta com a participação de pesquisadores de doze instituições globais, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Além de investigar o comportamento dos 35 sinais vitais da Terra, a equipe também sintetizou as principais tragédias ambientais que aconteceram nos últimos doze meses e que podem ter relação com o agravamento das mudanças climáticas – como é o caso das inundações no Rio Grande do Sul.
Segundo o estudo, os três dias mais quentes da história ocorreram em julho de 2024 e as políticas climáticas vigentes permitirão um aquecimento de 2,7°C até 2100, e cada 0,1°C adicional deve colocar cerca de 100 milhões de pessoas sob temperaturas extremas inéditas.
Além disso, o número de mortes humanas relacionadas ao calor aumentou 117% nos Estados Unidos entre 1999 e 2023 e as altas nos termômetros também contribuíram para a mortalidade em massa de animais marinhos entre 2022 e 2023.
Em 2022, a queima de combustíveis fósseis representaram cerca de 90% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto as mudanças no uso da terra foram responsáveis por aproximadamente 10%.
No Brasil, o cenário é diferente: maior parte das emissões é oriunda do desmatamento e da agropecuária, então o foco é em investir em práticas de pecuária regenerativas e restaurar as áreas, destacou Cássio Cardoso Pereira, pesquisador da UFMG e um dos autores do estudo.
O tema também deve pautar a COP29 em Baku, no Azerbaijão.
Segundo Pereira, a atual situação é crítica e sem uma mudança no cenário, não será possível manter o limite de aumento da temperatura global em 1,5ºC até 2050 como previsto no Acordo de Paris.
“Já estamos nos aproximando dessa temperatura e podemos passar de 2°C em poucos anos, o que seria catastrófico, gerando pontos de não retorno para a Amazônia, por exemplo, o que só pioraria a situação ao longo prazo por conta do aumento das emissões”, disse em nota.
No entanto, o cientista reitera que não devemos ser pessimistas e ainda há tempo de agirmos. “Se reduzirmos as emissões e investirmos em estratégias de remoção do CO2, como a restauração dos ecossistemas, podemos sim alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050” defendeu. Para continuar avançando, Perreira pretende seguir estudando o papel da conservação e da restauração da biodiversidade na mitigação da emergência climática.
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