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Sinais e Sintomas de Envenenamento por Agrotóxicos

Sempre ocorre lembrar que as pessoas leigas e que exercem as mais variadas atividades, não podem ser expostas a reflexão similar a sintomatologia encontrada em sites especializados em medicina.

Mas buscar determinar a ação dos agrotóxicos sobre a saúde humana, que costuma ser deletéria e muitas vezes fatal, provocando desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias até lesões renais e hepáticas, cânceres, alterações genéticas e doença de Parkinson, merece abordagem, ainda que pareça catastrofista.

Essa ação pode ser sentida logo após o contato com o produto, os chamados efeitos agudos ou após semanas ou até anos, quando são os efeitos crônicos que muitas vezes requerem exames sofisticados para a sua identificação.

Sintomas de intoxicação podem não aparecer de imediato. Deve-se prestar atenção à possível ocorrência desses sintomas, para que possam ser relatados com precisão. O agricultor intoxicado pode apresentar irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia; fala com frases desconexas; tremores no corpo; indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, alterações visuais e salivação e sudorese aumentados.

Podem ser afetado por náuseas, vômitos, cólicas abdominais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar; queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro, em especial nos braços, nas pernas, no peito; irritação de nariz, garganta e olhos, provocando tosse e lágrimas; urina alterada, seja na quantidade ou cor e convulsões ou ataques.

A pessoa cai no chão, soltando saliva em grande quantidade, com movimentos desencadeados de braços e pernas, sem entender o que está acontecendo.

Todos os indivíduos estão expostos ao consumo de resíduos de agrotóxicos e sempre, de alguma forma, se determinam riscos, ainda que muito reduzidos.

É preciso salientar que sintomas inespecíficos como dor de cabeça, vertigens, falta de apetite, falta de forças, nervosismo e dificuldade para dormir, presentes em diversas patologias, frequentemente são as únicas manifestações da intoxicação por agrotóxicos, razão pela qual raramente se estabelece esta suspeita diagnóstica.

A presença desses sintomas em pessoas com história de exposição a agrotóxicos deve conduzir à investigação diagnóstica de intoxicação. É importante lembrar também que enfermidades podem ter outras causas, além dos produtos envolvidos. Um tratamento equivocado pode piorar as condições da pessoa enferma.

As hortaliças e as culturas do tomate, morango, batata e fumo utilizam agrotóxicos conhecidos como organofosforados e ditiocarbamatos, que são considerados como os prováveis causadores das doenças neuro-comportamentais como depressão e o consequente suicídio.

As intoxicações podem causar lesões cerebrais e consequentes problemas de locomoção e comportamento, além de depressão profunda e sintomas de esquizofrenia, que tem sido relatada na literatura como um dos desfechos de intoxicação crônica por organofosforado, segundo o epidemiologista Lenine A. Carvalho.

As contaminações por organoclorados podem se iniciar logo após o acidente ou em curto espaço de tempo. Em casos de inalação, podem ocorrer sintomas específicos, como tosse, rouquidão, irritação de garganta, coriza, dificuldade respiratória, hipertensão arterial, pneumonia por irritação química, edema pulmonar.

Em casos de intoxicação aguda, por atuarem no sistema nervoso central, impedindo a transmissão nervosa normal.

Podem ocorrer estimulações do sistema nervoso central e hiperirritabilidade, cefaleia que não cede aos analgésicos comuns, sensação de cansaço, mal estar, náuseas e vertigens com confusão mental passageira e transpiração fria, redução da sensibilidade na língua, lábio, face e mãos, contrações musculares involuntárias, perdas de apetite e peso, tremores, lesões hepáticas e renais e crise convulsiva com coma.

Não há intenção de ser catastrofista, mas todos os indivíduos estão expostos e podem ser vitimados por estas intoxicações. Ainda que se determinem riscos reduzidos de ocorrência destas efemérides.

A confirmação de exposição aos organoclorados poderá ser feita através de dosagem do teor de resíduos no sangue, utilizando cromatografia em fase gasosa. A simples presença de resíduos no sangue não indica intoxicação, mas é a concentração que confirma os resultados.

Os organofosforados e carbamatos causam suor e salivação abundante, lacrimejamento, debilidade, cefaleia, tontura e vertigens, perda de apetite, dores de estômago, visão turva, tosse com expectoração clara, possíveis casos de irritação na pele por organofosforados.

Com pupilas contraídas e não reativas à luz, geram náuseas, vômitos e cólicas abdominais, diarreia e dificuldade respiratória. Os carbamatos produzem contraturas musculares e cãibras, opressão torácica, confusão mental, perda de sono, redução da frequência cardíaca e crises convulsivas e nos casos graves, estados de coma e paradas cardíacas, que são causas frequentes de óbitos.

No Sul do País os agrotóxicos são largamente utilizados na cultura do fumo e estão associados ao elevado índice de suicídios na cidade de Venâncio Aires no Rio Grande do Sul, que chegou a atingir 37 casos para cem habitantes, quando no Estado, o índice é de 8 para cem mil.

Estudos conduzidos no Rio Grande do Sul mostraram que os agrotóxicos organofosforados causam sequelas neurológicas após intoxicação aguda ou devido a exposição crônica.
Causam síndromes intermediárias, como paralisia dos músculos do pescoço, perna e pulmão, além de diarreia intensa que ocorre de um a quatro dias após o envenenamento e apresenta risco de morte devido a depressão respiratória associada. São causadas por Fenthion, Dimethoate, Monocrotophos e Metamidophos.

Os piretróides, embora pouco tóxicos do ponto de vista agudo, são irritantes para os olhos e mucosas, causando tanto alergias de pele como coceira intensa e manchas. Também como crises de asma brônquica ou dificuldade respiratória, espirros, secreção e obstrução nasal.

Em exposições ocupacionais a altas concentrações, algumas pessoas relatam sensação de adormecimento ou “formigamento” das pálpebras e ao redor da boca. Uma sensação semelhante à do anestésico usado por dentistas, que desaparece espontaneamente em poucas horas. Não existem provas laboratoriais específicas para dosar resíduos ou efeitos de piretróides no organismo humano ou animal.

Então mais do que nunca, é lícita a preocupação com os chamados agrotóxicos e a busca de uma alimentação isenta destas substâncias deletérias.

Dosagens reduzidas de agrotóxicos, defensivos agrícolas ou outras substâncias químicas em proporções ou concentrações reduzidas, parecem apenas incapazes de produzir malefícios detectáveis.

Conforme conta a lenda ou a mitologia grega, a ninguém ocorreu perguntar ao filósofo Sócrates qual é a dosagem segura de cicuta, depois que sua vida se extinguiu.

Referência

http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/vene3.htm

Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Fonte – EcoDebate de 25 de abril de 2017

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