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Sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica

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Físico e escritor austríaco Fritjof Capra foi a grande atração do primeiro dia do Congresso Ciclos. Fotos: Rodrigo Lorenzon

O PHD em física e escritor austríaco Fritjof Capra, autor de best-sellers como O Tao da Física, O Ponto de Mutação e As Conexões Ocultas, abriu nesta quinta-feira, 2 de julho, o Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios (Ciclos), realizado pelo Sebrae em Cuiabá, no Mato Grosso.

Ao ministrar a palestra magna de abertura do evento, intitulada O estado do mundo: impactos da escassez na economia global, Capra defendeu o que chama de “pensamento sistêmico”, baseado na interdependência dos sistemas vivos, os quais ele inclui as sociedades urbanas e os ecossistemas.

“Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica”, destacou o físico. Para Capra, ser ecologicamente alfabetizado (ecoliterate) significa entender os princípios básicos da ecologia que os ecossistemas desenvolveram para manter a ‘teia da vida’.

“No Centro para Alfabetização Ecológica em Berkeley, meus colegas de trabalho e eu desenvolvemos uma pedagogia especial para ensinar nas nossas escolas esses princípios da ecologia e as ferramentas que são necessárias para construir e alimentar comunidades sustentáveis”, ressaltou.

Mudança de paradigmas

“Nem todo o crescimento é bom, pois pode, por exemplo, se valer de exploração excessiva de recursos naturais, combustíveis fósseis e desigualdade de renda”
Fritjof Capra

Para o austríaco, o grande desafio de nossa época é construir e nutrir comunidades sustentáveis. “Os maiores problemas de nossa era: mudanças climáticas, pobreza, energia, água, estão conectados, são interdependentes. Suas soluções também”, enfatizou.

A fim de reverter o quadro atual do planeta, o pensador acredita que deva haver uma mudança de paradigmas, baseada em um “todo integrado”, tal qual um conjunto de sistemas interconectados, ao invés de uma coleção de partes dissociadas.

Papa Francisco

Avesso ao termo “desenvolvimento sustentável”, que segundo ele remete a ideia de crescimento ilimitado da economia, com base no Produto Interno Bruto (PIB), Capra enalteceu o chamado “crescimento qualitativo”, que segundo ele aprimora a qualidade da vida.

O físico aproveitou para elogiar a Encíclica divulgada recentemente pelo Vaticano. “O Papa Francisco reconheceu isso, quando cita que é necessário ‘redefinir nossa visão de progresso’. Nem todo crescimento é bom, pois pode, por exemplo, se valer de exploração excessiva de recursos naturais, combustíveis fósseis e desigualdade de renda”, justificou.

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Na concepção de Capra, o Papa Francisco reconheceu a interdependência da natureza em sua Encíclica, “mas nossos políticos não conseguem conectar os pontos”.

O físico, escritor e ativista ambiental ainda observou que um mundo mais sustentável passa por investimentos na agroecologia, arquitetura sustentável e energias renováveis.

O Congresso Ciclos segue até sexta-feira (3) na capital mato-grossense.

Alguns dos trechos mais importantes da palestra de Capra:

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“O conceito de sustentabilidade foi apresentado na década de 80 e, desde aquela época, foi distorcido. Vale a pena refletir por um momento sobre o que a sustentabilidade significa. Não é o crescimento econômico, mas a teia a qual defende nossa vida. Tem que ser projetada considerando a natureza.”

“O pensamento sistêmico pode servir para integrar ONGs, por exemplo. Ele é inerentemente multidisciplinar. As redes são o padrão básico de organização de todos os sistemas.”

“O crescimento bom é baseado nas energias renováveis, favorece a comunidade local, recicla… O crescimento qualitativo envolve soluções sistêmicas.”

“Os alimentos orgânicos têm efeito positivo na saúde das pessoas. A agricultura orgânica significa contribuir na luta contra as mudanças climáticas, pois o solo é rico em substâncias vivas.”

“Uma comunidade sustentável tem de ser projetada de uma forma que não interfira na maneira natural de como a natureza sustenta a vida.”

“[A alfabetização ecológica] Tem que se tornar uma competência crítica para políticos, empresários, indústria, universidade, todos os níveis. É preciso compreender os princípios básicos da ecologia e aplica-los.”

Fonte – Murilo Gitel, EcoD de 02 de julho de 2016

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