Muitos de nós acredita que a natureza é infinita e de recursos inesgotáveis.
Além disso, à margem de qualquer evidência científica, a sociedade fundamenta seus valores na crença de que, ante a iminência de qualquer desastre ambiental de grandes proporções, a ciência vem, prontamente, em socorro.
E, tudo se acalma. Tudo se aplaca. Tudo se ajeita.
Paira no ar, e no coração das pessoas, sem nenhum fundamento, mas paira, a certeza de que uma tríade infalível, associando bom-senso, amor ao próximo e avanço tecnológico, cuida de tudo.
Este é o senso comum.
Afinal, que doidivanas admitiria a mínima perda de solos para dentro dos rios, sabendo que solos perdidos perdem-se para sempre?
Que louco manejaria um machado (moto-serra ou correntão) estando certo de que floresta cortada e destocada, jamais volta a ser o que foi?
Que desmiolado assentiria com a pesca predatória nos oceanos, tendo confirmado que pesca rapina ameaça, de verdade, seus estoques milenares?
Que insensato estimularia o consumo à exaustão, após certificar-se que tudo o que se vende, compra, veste e come, provém da natureza finita e esgotável?
Que lunático defenderia um modelo globalizado onde os 20% mais ricos consomem 80% da matéria e energia do planeta?
Alguém, em sã consciência, admitiria que comprovadas conseqüências continuassem seu curso macabro, sem serem interrompidas?
Isso não faria sentido!
As pessoas de mais influência deixariam o mundo acabar, sabendo que poderiam acabar junto com ele?
Até aqui, parece que sim.