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Temos 20 anos, no máximo, para prevenir a 6ª extinção em massa

-rawrrrr-321 / Deviant Art

A próxima extinção em massa da Terra – a primeira causada pelos seres-humanos – está no horizonte. E as consequências são inacreditáveis: três quartos das espécies podem desaparecer.

Isso só aconteceu cinco vezes na história do planeta – incluindo a extinção em massa que matou os dinossauros. O que é diferente agora é que os seres humanos estão causando essas mudanças.

Como?

“Bem, estamos queimando combustíveis fósseis e consequentemente aquecendo o planeta; transformando pedaços maciços de terra em fazendas; causando a disseminação de espécies e doenças invasoras em todo o mundo; impulsionando nossa própria quantidade e consumindo mais e mais recursos; e causando todos os tipos de problemas para os oceanos, desde a sobrepesca até encher ele com plástico. (Você sabia que os pesquisadores esperam que o oceano contenha partes iguais de peixes e plástico, em peso, em 2050?)”, escreve o jornalista John D. Sutter, autor do projeto “2 degrees”, que traz matérias que alertam sobre o aquecimento global, na rede americana de TV CNN.

Em sua coluna, Sutter fala sobre um dado alarmante: um relatório do World Wildlife Fund, um grupo de defesa ambiental, afirma que há um declínio de 58% em certas populações de animais vertebrados desde 1970, e diz que se as tendências continuarem, então dois terços de todas essas aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos desaparecerão até 2020.

Alguns cientistas vêem esses números como potencialmente enganadores. Stuart Pimm, ecologista da Universidade de Duke, nos EUA, disse a Sutter que 58% é “um número bastante tolo do relatório, porque mistura o que está acontecendo no oceano com o que está acontecendo na terra. Ele mistura estudos sobre as populações de aves na Europa com populações de mamíferos na África. Tem poucos pontos de dados na América do Sul”.

População de animais comuns diminuindo

Sutter afirma que concorda que os números podem ser enganosos, mas também conversou com outros cientistas que possuem opiniões diferentes.

Anthony Barnosky, diretor executivo do Jasper Ridge Biological Preserve, da Universidade de Stanford, nos EUA, por exemplo, diz que a coisa mais importante a lembrar é que o relatório é limitado no seu escopo – tem poucos dados de algumas regiões tropicais importantes, por exemplo, e abrange apenas animais com com coluna vertebral.

Mas destaca um fato importante e pouco considerado. “Não é apenas que as espécies estão sendo extintas a uma taxa alarmante – pelo menos 100 vezes o que poderia ser considerado “normal”, e talvez muito mais do que isso -, mas que as populações de animais ainda comuns estão diminuindo muito rapidamente”, alerta.

“Eu não discuto com a tendência que eles estão apontando – estamos perdendo indivíduos de espécies e áreas geográficas a um ritmo realmente rápido”, diz Barnosky. “Se continuarmos assim, a extinção de muitas espécies é inevitável”.

Uma extinção em massa, por definição, significa que três quartos de todas as espécies desaparecem. Isso pode acontecer em 100 ou 200 anos, disse Barnosky, mas não em 2020.

Tempo quase esgotado para agir

Mas isso não significa que temos tempo de sobra para reverter este quadro. Barnosky diz que temos talvez 10 ou 20 anos para impedir que a sexta extinção se torne uma inevitabilidade.

Se não fizermos nada, devemos esperar que três quartos das espécies desapareçam ao longo do próximo século ou do seguinte. Em outras palavras, o que fizermos (ou não fizermos) agora irá moldar as próximas gerações do planeta.

“Sim, as espécies estão sendo extintas muito, muito mais rápido do que deveriam ser”, diz Pimm, “o que significa que estamos privando inúmeras gerações de ver a diversidade extremamente rica que herdamos de nossos pais”.

E outros especialistas, incluindo Paul Ehrlich, professor de estudos populacionais na Universidade de Stanford, dizem que a sexta extinção já está aqui.

“Nós provavelmente perdemos, digamos, 200 espécies – de animais grandes – ao longo dos últimos cem anos, mas podemos muito bem ter perdido na ordem de um bilhão de populações diferentes”, disse ele.

“Estamos basicamente aniquilando a vida em nosso planeta e essa é a única vida conhecida que conhecemos em todo o universo, e é a vida que moldou o planeta, que tornou possível para nós vivermos aqui e continua tornando possível que vivamos aqui. Se não tivermos a diversidade de outros organismos, estamos acabados”, relaciona.

Pimm diz que temos “uma geração humana” para fazer algo antes que seja tarde demais.

Ações

“Se não começarmos a fazer um monte de coisas para parar a extinção, vamos ver perdas muito significativas de espécies”, disse ele. “Há um monte de coisas que podemos fazer e eu prefiro concentrar nas positivas em vez de apenas chafurdar neste número realmente terrível apresentado pelo World Wildlife Fund”, afirma.

“Nos últimos 50 anos, aproximadamente, nós perdemos 50% dos indivíduos nestas espécies,” Barnosky diz. “Se perdemos outros 50% nos próximos 50 anos, estaremos com 25% do número original”. Em um par cem anos quase todas estas espécies que nós estamos falando ficariam em risco, se nós continuarmos nessa taxa.

Segundo Sutter, nós sabemos como retardar a taxa de extinção. Precisamos parar a disseminação de espécies invasoras e temos que dar um jeito no comércio ilegal como o do marfim, que Barnosky diz, poderia varrer os elefantes da África em 20 anos se as taxas de caça furtiva continuarem.

O primeiro passo, entretanto, é nos darmos conta da crise que vivemos e de sua monstruosa abrangência. “A melhor maneira de imaginar a sexta extinção em massa”, diz Barnosky, “é olhar para a natureza e imaginar que três em cada quatro das espécies que eram comuns se foram”.

Fonte – Hype Science de 21 de dezembro de 2016

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