Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Temperatura da Antártida sobe acima de 20°C pela primeira vez
The Guardian – Foto: Johan Ordóñez / AFP via Getty Image
Cientistas registram 20.75C na Ilha Seymour dizendo ser ‘incrível e anormal’
A Antártida registrou pela primeira vez temperatura de mais de 20°C (68°F), o que provocou temores de instabilidade climática no maior repositório de gelo do planeta.
O 20.75C foi registrado por cientista brasileiro na ilha Seymour no último dia 9 de fevereiro de 2020 e foi quase um grau acima do recorde anterior que era 19.8C, registrado na ilha de Signy em janeiro de 1982.
Este fenômeno segue um outro recente recorde de temperatura que ocorreu no último dia 6 de fevereiro, uma estação de pesquisa argentina em Esperanza media 18,3 ° C, que era a temperatura mais alta da península continental da Antártida.
Esses registros precisarão ser confirmados pela Organização Meteorológica Mundial, mas são consistentes com uma tendência mais ampla na península e nas ilhas próximas, que aqueceram quase 3° C desde a era pré-industrial – uma das taxas mais rápidas do planeta.
Os cientistas, que coletam os dados de estações remotas de monitoramento a cada três dias, descreveram o novo registro como “incrível e anormal”.
Estamos vendo a tendência de aquecimento em muitos dos locais de monitoramento, mas nunca vimos nada parecido com isso”, disse Carlos Schaefer, que trabalha no Terrantar, um projeto do governo brasileiro que monitora o impacto das mudanças climáticas no permafrost e na biologia em 23 locais na Antártida.
Schaefer disse que a temperatura da península, das Ilhas Shetland do Sul e do arquipélago de James Ross, do qual Seymour faz parte, tem estado irregular nos últimos 20 anos. Após o resfriamento na primeira década deste século, aqueceu rapidamente.
Os cientistas do programa antártico brasileiro dizem que isso parece ser influenciado pelas mudanças nas correntes oceânicas e nos eventos do El Niño: “Temos mudanças climáticas na atmosfera, que estão intimamente relacionadas às mudanças no permafrost e no oceano. A coisa toda está muito inter-relacionada.”
Os impactos variam na Antártida, que abrange a terra, ilhas e oceano ao sul de 60 graus de latitude. Esta região armazena cerca de 70% da água doce do mundo na forma de neve e gelo. Se esta quantidade toda derretesse, o nível do mar aumentaria de 50 a 60 metros, mas isso levaria muitas gerações. Cientistas da ONU prevê que os oceanos estarão entre 30 e 110 cm acima dos níveis atuais até o final deste século, dependendo dos esforços humanos para reduzir as emissões de gases efeito estufa.
Embora as temperaturas no leste e no centro da Antártida sejam relativamente estáveis, há preocupações crescentes com o oeste, onde os oceanos em aquecimento estão derretendo as enormes geleiras Thwaites e Pine Island . Até agora, não está influenciando muito no aumento do nível do mar, mas isso pode mudar rapidamente se houver um aumento na temperatura da Antartida.
Schaefer disse que os dados de monitoramento dessas áreas podem indicar o que está reservado para outras partes desta região. “É importante ter áreas sentinelas como Shetlands do Sul e península Antártida, porque elas podem antecipar os desenvolvimentos que acontecerão no logo e em um futuro mais longínquo”, disse ele.
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