Por Jean Silva* - Jornal da USP - 1 de novembro de 2024 - Tucuruvi,…
Terrenos baldios transformados em espaços verdes podem reduzir depressão
Na foto, voluntários plantam um pequeno jardim ornamental na esquina de um terreno baldio na Filadélfia (EUA). Crédito: Jana Shea/iStock By GettyImages
Ambientes revitalizados podem ser uma ferramenta importante e barata para melhorar a saúde mental em comunidades urbanas.
Os espaços verdes no meio urbano, ainda que pequenos, reduzem significativamente os sentimentos de depressão e melhora a saúde mental para moradores do entorno. É o que revela pesquisadores da Escola de Medicina Perelman e da Escola de Artes e Ciências da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Imagine a quantidade de locais vagos, danificados ou repletos de lixo poderiam ser transformados.
Saúde mental X Intervenção
Pela primeira vez, uma equipe de pesquisa mediu a saúde mental dos moradores da Filadélfia antes e depois de lotes vagos terem sido convertidos em espaços verdes, bem como moradores que moram perto de lotes abandonados e aqueles que acabaram de receber a limpeza do lixo. Eles descobriram que as pessoas que viviam num raio de 400 metros de terrenos verdes tinham uma redução de 41,5% nos sentimentos de depressão em comparação com aqueles que viviam perto dos lotes que não haviam sido limpos. Os que vivem perto de lotes verdes também experimentaram uma redução de quase 63% na baixa saúde mental em comparação com aqueles que vivem perto de lotes que não receberam intervenção.
As descobertas se somam ainda às evidências de como espaços revitalizados em áreas urbanas destruídas podem ajudar a melhorar a segurança e a saúde, como a redução dos níveis de criminalidade, violência e estresse. O estudo mais recente da mesma equipe, em fevereiro, encontrou uma redução de 29% na violência armada perto de lotes tratados. Acredita-se que este seja o primeiro estudo experimental a testar mudanças na saúde mental dos moradores depois que os terrenos vagos próximos foram esverdeados.
Financeiramente possível
“Espaços vazios e dilapidados colocam residentes em um risco maior de depressão e estresse, e podem explicar por que disparidades socioeconômicas na doença mental persistem”, afirma a autora principal, Eugenia C. South, MSHP, professora assistente de Medicina de Emergência e membro do Centro de Atendimento de Emergência e Pesquisa de Políticas da Penn. “O que esses novos dados nos mostram é que fazer mudanças estruturais, como terrenos verdes, têm um impacto positivo na saúde daqueles que vivem nesses bairros. E isso pode ser alcançado de maneira econômica e escalável – não apenas na Filadélfia, mas em outras cidades com o mesmo meio ambiente nocivo”.
Para o co-autor John MacDonald, PhD, professor de criminologia e sociologia na Universidade da Pensilvânia, “as descobertas sustentam que a exposição a ambientes mais naturais pode ser parte da restauração da saúde mental, particularmente para pessoas que vivem em ambientes urbanos estressantes e caóticos”. Além disso, a adição de espaços verdes aos bairros deve ser considerada juntamente com tratamentos individuais para abordar problemas de saúde mental em comunidades com poucos recursos.
“É uma maneira altamente econômica e escalável de melhorar as cidades e melhorar a saúde das pessoas, encorajando-as a permanecer em seus bairros”, diz o autor sênior Charles C. Branas, PhD, professor no departamento de Bioestatística e Epidemiologia na Escola de Medicina Perelman. “Embora as terapias de saúde mental sempre sejam um aspecto vital do tratamento, a revitalização dos locais onde as pessoas vivem, trabalham e brincam pode ter um impacto amplo sobre os resultados da saúde mental”.
Fonte – CicloVivo de 07 de agosto de 2018
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