Hoje celebramos a criação da quarta maior área marinha protegida, e a maior do Atlântico.
Tristão da Cunha, um arquipélago vulcânico no Atlântico Sul e território ultramarino do Reino Unido, fica a 2.300 milhas a leste da América do Sul e 1.600 milhas a oeste da África do Sul.
Agora, este arquipélago de quatro ilhas será o local de um imenso santuário marinho.
O arquipélago de Tristão da Cunha formado por quatro ilhas, Tristão, Gough, Inaccessible e Nightingale, veio à luz por obra do nauta português de mesmo nome em viagem entre 1506-1508.
Em 12 de novembro de 2020 o governo da ilha anunciou a criação desta nova área marinha protegida.
Ilustração, Pew Tusts.
Segundo a National Geographic, ’90 por cento das águas ao redor da cadeia de ilhas se tornarão uma “zona proibida”.
A pesca, a mineração e outras atividades extrativas são proibidas’.
A área protegida tem 687.000 quilômetros quadrados.
NG:’A nova área protegida fará parte do Programa Cinturão Azul do Reino Unido.
O novo santuário é o resultado de uma colaboração entre os governos de Tristão da Cunha e do Reino Unido, e uma série de outros grupos conservacionistas, incluindo RSPB, que trabalha na região há 20 anos, e a iniciativa Pristine Seas da National Geographic’s Society’.
A vida marinha em Tristão da Cunha
Cerca de 90% da ZEE de Tristão da Cunha passa a proteger uma fauna que inclui aves marinhas ameaçadas, mamíferos marinhos, peixes e crustáceos.
As florestas de algas de Tristão. Imagem, ROGER HORROCKS, NATIONAL GEOGRAPHIC PRISTINE SEAS.
A vida marinha em Tristão da Cunha
Segundo a Pew Trusts ‘a região é habitat de 11 espécies diferentes de cetáceos incluindo a baleia fin, a segunda maior perdendo em tamanho apenas para a baleia-azul, e suas águas servem como fonte de alimentação para o albatroz de Tristão, em perigo crítico, o albatroz de nariz amarelo do Atlântico, assim como o vulnerável petrel do Atlântico’.
Os pinguins de Tristão. Imagem, Trevor Glass/RSPB/PA.
Os mares ao redor abrigam ainda florestas de algas, e Tristão da Cunha tem a maior colônia de pinguins saltadores (rockhopper) do mundo.
Ilha Gough
Uma das ilhas do arquipélago, a ilha Gough, mais ao sul da cadeia, abriga 80% da população mundial de focas subantárticas, e uma colônia de elefantes marinhos.
As ilhas também fazem parte da rota de migração dos atuns, uma das espécies de peixes mais ameaçadas, além de várias espécies de tubarões.
Ameaças da pesca industrial
Esta nova área marinha protegida é especialmente bem-vinda pela localização, na rota para a Antártica de quem vem do hemisfério norte, e também em razão das frotas pesqueiras ilegais que de uns tempos para cá passaram a investir no Atlântico Sul ameaçando o mar territorial argentino entre outros.
A National Geographic confirma: ‘um relatório de 2017 da Pristine Seas usou dados de satélite para rastrear navios de pesca na área de 2014 a 2016.
A maioria dos 253 navios registrados parecia estar passando, mas 11 mostraram atividade consistente com a pesca.
A pesca industrial pode levar aves marinhas, tubarões e outras espécies importantes inadvertidamente capturadas em redes ou linhas de pesca’.
A decisão dos habitantes de Tristão da Cunha
Foi uma decisão dos cerca de 250 habitantes da ilha cuja economia depende da pesca sustentável da lagosta.
Como se aproxima o momento do início da controvertida extração mineral no mar, além dos sabidos despropósitos da indústria mundial da pesca, os habitantes preferiram proibir qualquer extração de recursos em 90% de sua Zona Econômica Exclusiva.
Imagem, ncultura.pt.
Os residentes de Tristão da Cunha operam uma pesca de lagosta que é certificada como sustentável pelo Marine Stewardship Council.
O chefe das ilhas de Tristão da Cunha, James Glass, disse:
“Estou absolutamente encantado em anunciar nossa zona de proteção marinha. É um passo importante para a nossa comunidade, pois somos um povo que sempre viveu em harmonia com o mar. Também estou extremamente orgulhoso de podermos nos considerar os guardiões do Atlântico Sul.”
O papel da National Geographic Society na criação de áreas marinhas protegidas
A National Geographic Society lançou o projeto Pristine Seas em 2008 para explorar e preservar o oceano.
O Pristine Seas conduziu 30 expedições e, com a adição mais recente de Tristão da Cunha, ajudou a criar 23 reservas marinhas.
Sua nova pesquisa indica áreas cruciais para salvaguardar no futuro.
Durante uma expedição de 2017 para pesquisar o arquipélago, os cientistas da National Geographic Pristine Seas também descobriram uma grande população de tubarões azuis migratórios, uma espécie que sofre grande pesca excessiva em razão da desenfreada procura por barbatanas de tubarões já comentada neste site.
Preservar até 30% dos oceanos até 2030
A ação é parte de um projeto para preservar até 30% dos oceanos até 2030.
Segundo a NG ‘Cerca de 8% dos oceanos do mundo são designados como AMPs, mas apenas 2,6% estão totalmente proibidos de pescar’.
‘A Campanha da National Geographic Society para a Iniciativa da Natureza pediu a proteção de 30% do oceano, um número que sua pesquisa mostra que permitiria aos ecossistemas fornecer benefícios como amplos estoques de peixes.
Proteger essa parte do oceano, dizem eles, também ajudará a proteger da extinção espécies criticamente ameaçadas de extinção’.
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