Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Um canudinho incomoda muita gente… 7 bilhões incomodam muito mais
Os canudinhos de plástico não são reciclados e vão parar nos oceanos, onde muitos animais acabam ingerindo os produtos e passam por sérias complicações. © David McNew / Greenpeace
Estabelecimentos que oferecerem canudinhos plásticos no Rio de Janeiro começam a ser multados e os oceanos agradecem
O Rio de Janeiro se tornou a primeira cidade brasileira a proibir o uso de canudos de plástico em estabelecimentos comerciais. A lei foi sancionada em julho deste ano mas, apenas na semana passada as multas passaram a ser aplicadas aos restaurantes, bares, barracas de praia e demais estabelecimentos que oferecem o canudinho de plástico aos clientes.
O valor cobrado após a primeira infração é de R$ 1.650, porém a penalidade pode subir para até R$ 6 mil caso o estabelecimento seja flagrado novamente pela fiscalização. A determinação “obriga os restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes do município, a usar e fornecer a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante”.
Ou seja, precisamos ajudar a lei a “pegar”. Se for a um restaurante, por exemplo, e te oferecerem um canudinho plástico, não aceite. Os donos de estabelecimentos precisam saber que a população está disposta a usar outras alternativas, como os canudinhos de vidro, papel, metal, silicone e bambu, todos bem menos danosos ao meio ambiente e, em muitos casos, reutilizáveis.
A medida é um avanço para diminuir o lixo plástico no mundo. Estudos indicam que, se nosso ritmo de consumo não diminuir e o descarte dos resíduos não for feito de forma adequada, em 30 anos teremos mais plástico do que peixes nos oceanos.
Segundo a revista Time, cientistas estimam que existem 7,5 milhões de canudos de plástico poluindo as costas americanas e algo em torno de 437 milhões a 8,3 bilhões de canudos plásticos nos litorais ao redor do mundo. A própria Time destaca que canudos de plástico são uma pequena porcentagem dos mais de oito milhões de toneladas métricas de plástico que acabam no oceano todos os anos!
E as sacolinhas?
A cidade de São Paulo regulamentou uma lei em 2015 que proibiu as lojas e supermercados de realizar a distribuição gratuita de sacolinhas plásticas. As antigas “sacolinhas brancas” foram substituídas pelas sacolas verde e cinza, de bioplástico, mais resistentes, menos prejudiciais ao meio ambiente e cobradas individualmente.
Muita gente achou que a medida seria um desastre. Em 2016, no entanto, a Associação Paulista de Supermercados relatou que houve uma redução de 70% no consumo de embalagens plásticas na cidade. Hoje, muitos paulistanos adotam as sacolas conhecidas como “ecobags”, mais resistentes, espaçosas e reutilizáveis.
Quem nunca se deparou com as sacolinhas plásticas no meio do mar ou na areia naquele dia de descanso na praia? © Liza Udilova / Greenpeace
Em junho deste ano, o Rio de Janeiro acompanhou a medida e também proibiu as sacolinhas de plástico em todo o estado. A determinação prevê até 18 meses para que os estabelecimentos se adequem às novas regras e realizem a substituição pelas sacolas biodegradáveis ou reutilizáveis, confeccionadas com materiais produzidos a partir de fontes renováveis.
Pontapé inicial
Precisamos começar de algum lugar se queremos diminuir consideravelmente a quantidade de lixo plástico no mundo e salvar os oceanos e espécies marinhas que muitas vezes acabam ingerindo ou inalando os canudinhos por confundirem os objetos com alimentos.
O caminho para salvar os oceanos do plástico não passa apenas pela proibição dos canudinhos ou das sacolinhas, mas medidas como essas ajudam a criar a consciência que se expande globalmente com a adoção de novos hábitos de consumo.
Afinal, um canudinho incomoda muita gente… mas 7 bilhões deles podem ameaçar a sobrevivência de nossos oceanos e espécies marinhas.
Vamos todos juntos reduzir o consumo e descarte de plástico no mundo? © Argelia Zacatzi / Greenpeace
Fonte – Greenpeace Brasil de 26 de setembro de 2018
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