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Um milhão de garrafas de plástico são compradas a cada minuto
Lixo. Plástico despejado no Rio Arroio Fundo, próximo à Linha Amarela: risco ao homem. Marcelo Theobald 12/07/2016
Crescimento deve-se à mudança de estilo de vida na Ásia, diz estudo
Um relatório da empresa de pesquisa Euromonitor International, obtido pelo jornal britânico “The Guardian”, revelou que até 2021 o consumo anual de garrafas de plástico pode ultrapassar a marca de meio trilhão de unidades. Segundo o levantamento, atualmente, um milhão de garrafas são compradas em todo mundo a cada minuto e essa quantia crescerá em 20% em quatro anos.
Somente em 2016, mais de 480 bilhões de garrafas plásticas foram vendidas em todo planeta comparado a 300 bilhões em 2004. Atualmente a demanda chega a 20 mil artigos por segundo. Se fossem enfileirados, percorreriam mais da metade do caminho para o sol.
Segundo o levantamento, serão comercializadas 583,3 milhões de garrafas em 2021. o aumento expressivo deve-se principalmente à mudança no estilo de vida de populações asiáticas, que passaram a adotar comportamentos mais “ocidentais”. Outro destaque na China é a venda de água engarrafada. O país é responsável por 25% da demanda mundial por este produto.
A maioria das garrafas de plástico usadas para água e refrigerantes é produzida por tereftalato de polietileno, que é altamente reciclável, No entanto, o consumo elevado e a falta de campanhas de sustentabilidade fazem com que a coleta do produto seja aquém do necessário. No ano passado, menos de metade das garrafas foram coletadas, e somente 7% dessas foram transformadas em novas garrafas.
Um dos destinos principais dos produtos descartados são os oceanos. Estima-se que entre cinco milhões e oito milhões de toneladas de plãstico chegam aos mares a cada ano, onde são ingeridos por aves marinhas, peixes e outros organismos. De acordo com estimativa da Fundação Ellen MacArthur, serão encontrados nas águas mais plásticos (em peso) do que peixe. A etapa seguinte e a sua chegada à cadeia alimentar humana.
Um estudo publicado em 2014 pela Universidade Ghent, na Bélgica, calculou que as pessoas que comem frutos do mar, como marisco e camarão, ingerem cerca de 11 mil pequenos pedaços de plástico por ano. Os potenciais riscos à dieta também foram destacados no ano passado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos alimentos.
Poluição devastadora
Para ambientalistas, o despejo das garrafas de plástico nos oceanos representa um risco ao ser humano comparável às mudanças climáticas. Em entrevista ao Guardian, Hugo Tagholm, membro do grupo de conservação marinha britânico “Surfers Against Sewage” (“Surfistas contra o esgoto”, em tradução livre), a poluição de recursos naturais é “devastadora”.
– A ciência mostra que o plástico não pode ingressar na cadeia alimentar – alerta Tagholm, que promove uma campanha de incentivo à reciclagem das garrafas no Reino Unido. – Embora a produção de plásticos descartáveis tenha crescido drasticamente nos últimos 20 anos, os sistemas para conter, controlar, reutilizar e reciclar não mantiveram o ritmo. A poluição dobrará neste período e quadruplicará até 2050, então é hora de agir.
No mês passado, pesquisadores da Universidade da Tasmânia e da Real Sociedade para a Proteção de Aves encontraram, em um atol desabitado no Sul do Pacífico, 17,6 milhões de toneladas de plástico. Cerca de 68% dos detritos sequer eram visíveis – havia aproximadamente 4.500 itens por metro quadrado enterrados a uma profundidade de até 10 centímetros. Uma das localidades em que os artigos foram encontrados é Patrimônio Mundial da Unesco. Em seu habitat, praticamente intocados por seres humanos, há espécies endêmicas de plantas e aves.
Estima-se que mais de 1 tonelada de plástico foi congelada no Ártico nas últimas décadas. O produto chega à região após ser jogado no Oceano Atlântico por habitantes da Europa e da América do Norte. A poluição local faz frente à outra área ainda mais conhecida pela sujeira, a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, cuja área é maior do que a do estado de Minas Gerais.
O Guardian destaca que recentemente cientistas holandeses do Centro de Pesquisa de Wageningen realizaram uma expedição em seis ilhas no Ártico. Na localidade, registraram 876 peças de lixo visíveis espalhados por 100 metros de praia. Na ilha de Jan Mayen, o ponto mais remoto do Atlântico Norte, foram encontradas 575 peças. Cerca de metade dos plásticos estavam muito quebrados para ser reconhecíveis, mas 12% foram identificados como redes, cordas e boias de navios de pesca.
Fonte – O Globo de 29 de junho de 2017
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