Por Ana Flávia Pilar - O Globo - 11 de novembro de 2024 - Com modelo…
Veja os 19 motivos que fazem dos plásticos compostáveis ou hidrobiodegradáveis (HBPs) a pior das opções
Por Instituto IDEAIS
Plástico Hidrobiodegradável (HBP) (às vezes conhecido como “bioplástico”, “biobaseado”, “baseado em agricultura” ou “plástico compostável”)
1. O plástico HBP não resolve o problema de lixo plástico no ambiente aberto porque os materiais vegetais originais foram polimerizados e se tornaram plásticos.
Ele é projetado para ser levado a uma compostagem industrial ou digestão anaeróbica, e biodegradar nas condições especiais encontradas em esses processos industriais, não no ambiente aberto.
2. O HBP não pode ser reciclado com os plásticos comuns porque contaminaria o reciclado e o torna inútil, então quem é a favor da reciclagem deve ser contrário ao HBP.
Mesmo se destinado a compostagem industrial, parte desse plástico provavelmente vai entrar no fluxo de reciclagem de plástico à base de petróleo e contaminá-lo.
3. Quando algo é descrito como compostável, uma pessoa comum pensaria que pode ser convertido em composto, mas as normas para este tipo de plástico (ASTM D6400, EN 13432
etc.) exigem que ele seja convertido em gás CO2 dentro de seis meses.
Você não pode, portanto, fazer composto a partir dele – apenas gás de efeito estufa. Este processo contribui para a mudança climática, mas não faz nada pelo solo, e não pode ser descrito como reciclagem orgânica.
4. Por causa dos pontos 2 e 3 acima, o plástico compostável não faz parte de uma economia circular.
5. O HBP não é adequado para compostagem doméstica.
As condições necessárias para a plena biodegradação nem sempre pode ser mantida por compostadores industriais, e é muito improvável que seja mantido por famílias comuns.
Eles, portanto, vão criar microplásticos, que poderiam entrar na cadeia alimentar.
Em qualquer evento a compostagem caseira só é possível para pessoas que moram em casas, não em apartamentos, e eles levariam seus restos de cozinha para a pilha de compostagem em um balde – eles não precisariam comprar um saco plástico caro como é o HBP.
6. Não é desejável usar recursos terrestres e hídricos para cultivar plástico.
Esses recursos devem ser usados para produzir alimentos para as pessoas no mundo que não têm o suficiente para comer.
O Parlamento Europeu resolveu não incentivar o uso da terra e da água como recursos para a produção de biocombustíveis (e o mesmo raciocínio se aplica aos bioplásticos).
A ONU emitiu um relatório com o mesmo efeito em 31 de março de 2014.
A Nestlé acredita que a alocação de terra e água para a produção do biocombustível afetará severamente a segurança alimentar e hídrica.
Na opinião deles “As previsões da produção de alimentos sugerem que existem desafios significativos para o mundo alimentar as futuras gerações … Mesmo uma pequena porcentagem de energia derivada dos biocombustíveis baseados em culturas agrícolas tem um efeito devastador no mercado de alimentos.”
7. HBP não pode ser fabricado por fábricas de plásticos com suas máquinas e força de trabalho existentes, e qualquer introdução em larga escala deste tipo de plástico levaria a perdas de
emprego na indústria de plásticos.
8. HBP não é “renovável”, pois contém até 70% de poliéster à base de petróleo.
Deve-se considerar também os combustíveis fósseis não renováveis consumidos e o CO2 emitido pelas máquinas usado para limpar a terra, arar a terra, semear a semente, fabricar os fertilizantes e pesticidas e trazê-los para a fazenda, pulverizar as culturas, colher as culturas, levar as colheitas a uma fábrica de polimerização e operar as autoclaves.
9. Não há terra arável disponível e água suficiente para o plantio e crescimento de culturas agrícolas para fazer plástico HBP suficientes para substituir o plástico comum, mesmo que fosse somente para sacolas de compras.
Mais grave ainda é a perda da biodiversidade causada pela monocultura.
Tudo isso para fazer plástico?
Já vivemos uma catástrofe ecológica sem precedentes com a extinção de espécies da vida animal e ainda vamos acabar com a biodiversidade plantando monoculturas para usar como plástico? Veja aqui
Demonstração do WWF pela biodiversidade em Paris. Foto: Kenzo Tribouillard/AFP/Getty Images
10. O HBP é muito caro para o uso diário – custando até 400% mais do que o plástico comum.
Mesmo que esse custo fosse substancialmente reduzido no futuro é muito caro para as pessoas comuns e não há justificativa para subsidiá-lo do dinheiro dos contribuintes.
11. Não deve ser descrito como “biodegradável” porque embora se fragmentará no ambiente aberto, ele é testado para biodegradação apenas nas condições especiais encontradas em compostagem ou digestão anaeróbica.
12. Não é adequado para sacos de compras, porque ele precisaria ser forte e barato, e capaz de ser reutilizado muitas vezes antes da disposição final.
13. Não é adequado para filmes agrícolas porque (ao contrário dos oxibiodegradáveis -OBPs) o tempo de degradação não pode ser controlado de acordo com o ciclo de crescimento da
cultura.
14. Para ter a mesma resistência, ele precisa ser mais grosso e pesado, por isso precisa de mais caminhões para transportá-lo, ocupando mais espaço na estrada, consumindo mais combustível e emitindo mais CO2 e outras formas de poluição para a atmosfera.
15. No fundo do aterro sanitário pode gerar metano, que é um gás de efeito estufa muito mais poderoso que o CO2.
16. Às vezes é alegado que as culturas que estão sendo cultivadas para fazer plásticos baseados em plantas absorverão CO2, mas isso já acontecia com vegetação que estava lá antes.
17. HBP não cumpre as leis dos Emirados Árabes Unidos, Paquistão, Arábia Saudita e outros países que exigem que produtos e embalagens de plástico descartáveis exportados para
esses países devem obrigatoriamente ser oxibiodegradável.
18. Uma Análise de Ciclo de Vida (ACV) da Intertek publicada pelo governo do Reino Unido em 2011, e mais uma ACV publicada pela Intertek em 2012, revelaram que o plástico comum e o
oxobiodegradável têm uma melhor ACV do que o plástico à base de culturas agrícolas ou que os sacos de papel.
19. Um consórcio, constituído por Amigos da Terra, Surfrider Foundation, Zero Waste Europa, Ecos e o European Environmental Bureau, publicou um documento em 2017 em que eles
dizem
“A indústria de bioplásticos usa sua ruidosa propaganda verde alegando acelerar a redução do consumo de combustíveis fósseis e para resolver poluições plásticas cada vez maiores e problemas de lixo marinho. No entanto, há evidências claras que os bioplásticos não resolvem muitos desses problemas e, que na verdade, podem criar novos.”
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