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Verde, vírgula – O plástico verde da Braskem é uma mentira

Diário Gauche

Por Cristóvão Feil

O grupo Odebrecht/Braskem (sim, Odebrecht se origina daquela famosa empreiteira) afirma – e a mídia guasca faz coro – que estará produzindo o que chama de “plástico verde” em Triunfo (RS). A matéria-prima desse polietileno é a cana-de-açúcar. Mas isso não garante o selo verde ao produto final, como estão alardeando aos quatro ventos do senso comum.

O plástico produzido pelo grupo Odebrecht – com recursos do BNDES e investimentos da Petrobras – não pode ser considerado “verde”.

O plástico de Triunfo é tão “verde” quanto são “silviculturas” as plantações de eucalipto e pinus das papeleiras na Metade Sul.

Trata-se de mais uma apropriação indébita da linguagem por parte dos exterminadores do futuro. Monocultura de eucalipto não é silvicultura, que se caracterizaria somente se houvesse reposição das espécies nativas do bioma Pampa. Não é o caso, as papeleiras plantam espécies exóticas e, o mais grave, o fazem em vastas extensões, não respeitando mananciais de umidade, fontes de água, microclimas e sobretudo a diversidade zoobotânica original.

O polietileno da Braskem não é “verde”, porque não é biodegradável, o que significa dizer que se degrada no mesmo longo prazo que o plástico originado do petróleo, ou seja, depois de centenas de anos.

Mas, mesmo que fosse biodegradável, admitamos, ainda assim não seria “verde”, porque o sistema de cultivo da cana-de-açúcar – no regime do agronegócio – não é sustentável. Ao contrário, o cultivo da cana é feito de forma extensiva, em vastas monoculturas, exigindo a concentração da terra, sofrendo aplicações de agroquímicos pesados e cumulativos, e fertilizantes não-orgânicos que comprometem a estrutura dos solos e desequilibram os microorganismos vivos e o ambiente natural como um todo.

Para agravar, essa produção pseudoverde vem a rigor fortalecer – econômica e politicamente – as famigeradas cadeias produtivas que formam o chamado agrobusiness, a saber: os oligopólios dos grãos, os oligopólios das sementes, dos alimentos industriais, dos fertilizantes e agroquímicos e por último (ou por primeiro), a hegemonia do capital financeiro – que subtrai o seu nada modesto quinhão de cada operação negocial deste grande circuito do qual poucos participam.

This Post Has One Comment

  1. Em todos anúncios que vi em relação ao polietileno verde não existe qualquer referência à biodegradabilidade. Mas são inegáveis os benefícios que os ditos “plásticos” trouxeram para a saúde, segurança alimentar, facilidades tecnológicas, etc. Estes materiais devem ser utilizados com inteligência para que seus benefícios superem os problemas. No caso do PE verde é importante lembrar que cada tonelada do produto traz consigo a fixação de 2 toneladas de CO2. Este é o aspecto de atratividade do material.

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