Por Ellen Nemitz · ECO - 18 de dezembro de 2024 - Câmara ressuscitou “jabutis” da…
Vestígios de agrotóxico são encontrados em alimentos infantis nos Estados Unidos
Fotos: divulgação EWG
Não basta mais os pais se preocuparem se os filhos comem alimentos saudáveis. A partir de agora, eles precisarão ficar atentos se os produtos servidos no café da manhã não têm vestígios de agrotóxicos, pois uma denúncia feita pelo Environmental Working Group (EWG) revela que a maioria daqueles consumidos nos Estados Unidos apresentam uma dose mais alta daquela aceitável do herbicida RoundUp, a base de glifosato, aquele que acaba de fazer com que a gigante multinacional Monsanto pague uma indenização milionária a um jardineiro em fase terminal de câncer (entenda mais sobre o caso aqui).
Segundo as análises independentes feitas em laboratórios a pedido do EWG, as marcas mais populares de aveia, cereais (uma paixão americana), mingaus, granolas e barras de cereais vendidas no país tinham uma dose extra de glifosato.
Dos 45 produtos avaliados, 43 deles possuíam vestígios de glifosato – 31 dos quais, com uma quantidade além do aceitável pelos cientistas daquele país. Já dos 16 alimentos orgânicos analisados, cinco tinham resquícios do pesticida, mas nenhum em dose maior do que a recomendada. A suposição mais provável é que orgânicos tenham glifosato por causa da contaminação do solo ou da chamada “contaminação cruzada”, que acontece em fábricas que manipulam produtos não-orgânicos.
Um veneno cancerígeno
Assim como no resto do mundo, o glifosato é o herbicida mais usado nos Estados Unidos. Ele é o principal ingrediente ativo do produto RoundUp, que foi responsabilizado pelo linfoma não-Hodgkin desenvolvido por DeWayne Johnson, que ganhou a ação histórica contra a Monsanto (comprada pela alemã Bayer no ano passado).
O produto é associado ao desenvolvimento de câncer
Só nas lavouras americanas, são aplicadas 116 mil toneladas de glifosato por ano, sobretudo, em cultivos de soja e milho. Todavia, cada vez mais, o químico é utilizado pouco antes da colheita no trigo, aveia, cevada e grãos,
Em um relatório publicado em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o glifosato pode causar câncer em animais tratados em laboratório e que é um potencial causador de alterações na estrutura do DNA e cromossomos das células humanas.
Ainda de acordo com a denúncia feita pelo EWG, e-mails internos trocados, em abril, pelo Food and Drug Administration (FDA), o órgão responsável pela regulamentação alimentar e de remédios nos Estados Unidos, e obtidos com exclusividade pela organização U.S. Right to Know revelam que nos últimos dois anos a entidade teria testado alimentos e encontrado um “quantidade razoável” de glifosato neles.
Atualmente há mais de 450 processos criminais contra a Monsanto esperando por julgamento na corte de São Francisco. na Califórnia. São pessoas que alegam que a exposição ao RoundUp foi responsável pelo desenvolvimento de câncer.
No Brasil, como noticiamos esta semana, uma juíza do Distrito Federal acatou uma ação, de 2014, do Ministério Público Federal e suspendeu o registro de três agrotóxicos, entre eles, o glifosato.
Infância em risco
O Environmental Working Group ressalta que alimentos feitos a partir de aveia e outros cereais são benéficos para a saúde infantil, pois são ricos em fibra e outros nutrientes e apresentam evidências científicas de que contribuem para a redução do colesterol e de riscos cardiovasculares.
“Pais não deveriam ter que se preocupar se a comida de seus filhos, supostamente saudável, irá expô-los a pesticidas que aumentam o risco de câncer”, alerta o EWG. “Glifosato não combina com cereal. Aja imediatamente EPA (a sigla se refere ao departamento de meio ambiente americano) e restrinja as aplicações de glifosato e exija que companhias identifiquem e utilizem aveia livres de glifosato”.
Em resposta à reportagem do jornal The Guardian, que assim com o o Conexão Planeta, também publicou a denúncia do EWG, todas as empresas citadas negaram que seus produtos contenham doses além das aceitáveis do herbicida e garantiram a segurança de seus alimentos.
Abaixo imagens de algumas das marcas citadas como tendo doses “extras” de glifosato pelo EWG:
Fonte – Suzana Camargo, Conexão Planeta de 17 de agosto de 2018
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