Por Pedro A. Duarte - Agência FAPESP - 12 de novembro de 2024 - Publicado…
Visão Ambiental Da Produção Orgânica, Parte 1/3
O grande desafio da atualidade é garantir a segurança alimentar, com alimentos saudáveis sem comprometer o meio ambiente e as gerações futuras.
Com as características de sustentabilidade e produtos de qualidade com certificação de origem, a agricultura orgânica se apresenta como alternativa em ampla expansão em nível mundial.
Esse aumento é consequência do alto do custo da agricultura convencional, da degradação do meio ambiente e da crescente exigência dos consumidores por produtos livres de agrotóxicos (DAROLT, 2002).
A agricultura orgânica vai muito além da simples troca de insumos químicos por insumos orgânicos e biológicos.
O manejo orgânico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos biológicos, à manutenção da biodiversidade, à preservação ambiental, ao desenvolvimento econômico, bem como, à qualidade de vida humana.
São pressupostos da agricultura orgânica o respeito à natureza, a diversificação de culturas, os policultivos e tratamento dos solos como sendo um organismo vivo.
O agricultor deve primeiramente reconhecer sua dependência em relação aos recursos e as suas limitações.
O policultivo propicia uma maior abundância e diversidade de espécies e maior equilíbrio do ambiente. A resistência de um ecossistema é constituída pelo somatório das resistências de seus elementos constituintes.
Também o manejo deve adotar práticas que garantam um fornecimento constante de matéria orgânica, para estimular os vivos e favorecer os processos biológicos.
Os insumos agroindustriais oneram os custos e comprometem a sustentabilidade.
Em termos técnicos, as características da atividade incluem a escolha de variedades adaptadas às condições ecológicas locais, a manutenção e aumento gradativo da fertilidade do solo por meio de adubos verdes, compostos orgânicos, restos culturais, estercos curtidos, tortas e farinhas de materiais devidamente preparados.
Podem ser utilizados ainda, adubos minerais de baixa solubilidade e resíduos agroindustriais, desde que isentos de agentes químicos e biológicos com potencial de contaminação.
O fornecimento de nutrientes considera a interação entre plantas e microrganismos do solo, que disponibilizam os nutrientes e fertilizam o solo como um todo.
O esterco pode ser utilizado puro e na produção de compostos e biofertilizantes, como o super-magro, que fornecem nutrientes e aumenta a resistência contra pragas e doenças.
O conteúdo nutricional dos fertilizantes orgânicos é baixo em comparação ao dos adubos minerais, por isso as quantidades aplicadas são mais elevadas e com antecedência.
Os fertilizantes minerais pouco solúveis (fosfatos naturais, farinha de osso, calcário, cinza vegetal, sulfato de potássio) entram como complemento à matéria orgânica, disponibilizando fósforo, potássio e micronutrientes a longo prazo.
A adubação verde é recomendada por ser fonte de nitrogênio e trazer benefícios como a reestruturação do solo, incorporação de matéria orgânica, ativação da vida microbiana, controle de pragas, redução de ervas invasoras por abafamento e ação alelopática, reciclagem de nutrientes e disponibilização de fósforo.
Podem ser usados adubos verdes com alta capacidade de cobertura do solo, como feijão-de-porco, crotalária, mucuna-preta e guandu.
No preparo para plantio é importante não haver intensa movimentação do solo para não interromper as atividades microbianas e manter a estrutura do solo, sendo recomendados, o plantio direto e o cultivo mínimo.
Referências
DAROLT, M. R., Agricultura Orgânica: inventando o futuro. Londrina: IAPAR, 2002, 250p.
PENTEADO, S.R. Manual prático de agricultura orgânica: fundamentos e técnicas. Campinas: Edição do autor. 2009. 213p.
SANTOS, Neli Cristina Belmiro dos e MATEUS, Gustavo Pavan, VISÃO AMBIENTAL DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE ALIMENTOS, ISSN 2316.5146, Pesquisa & Tecnologia, vol. 9, n. 2, Jul-Dez 2012
http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2012/julho-dezembro-2/1300-visao-ambiental-da-producao-organica-de-alimentos/file.html
Fonte – Roberto Naime, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, EcoDebate de 06 de setembro de 2016
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