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Você ainda não sabe, mas é contra o fracking

“Fracking”, apelido em inglês para “fraturamento hidráulico”, é uma tecnologia de extração não convencional de gás

Uma tecnologia de nome estranho promete reacender no Brasil em outubro uma polêmica que já pegou fogo nos Estados Unidos e na Europa. Trata-se do fracking. Você pode não saber o que é, mas é contra.

“Fracking”, apelido em inglês para “fraturamento hidráulico”, é a tecnologia empregada para extração não convencional do gás natural do folhelho pirobetuminoso de xisto, uma rocha sedimentar existente em vários lugares do mundo. A presença de hidrocarbonetos nesse tipo de rocha é conhecida há várias décadas, mas até 1990 ninguém sabia como extraí-los. O “fracking” mudou esse panorama, e quer dar uma longa sobrevida ao reinado dos combustíveis fósseis.

Para que este gás seja extraído, é necessária a perfuração profunda do solo, onde se insere uma tubulação que atravessa o lençol freático até a rocha, por onde passam entre 7 milhões e 15 milhões de litros de água. A cada operação, água, areia e mais de 600 substâncias químicas, algumas bem tóxicas, são introduzidas em altíssima pressão para fraturar (“frack”) a rocha e assim liberar o gás. Nos EUA, o fracking tem criado disputas em torno do uso da água. No Brasil não deverá ser diferente.

Mas os problemas relacionados ao fracking vão muito além da disputa hídrica. Nos países onde o faturamento hidráulico é realizado – China, Canadá, Estados Unidos e Argentina –, há relatos de contaminação de lençóis freáticos, vazamento de metano para poços artesianos e, em áreas dos EUA onde a tecnologia é usada para extrair petróleo, de poluição do ar. No Brasil, há um risco de contaminação inerente à própria geologia: as principais jazidas de gás numa camada de rochas na bacia do Paraná que está debaixo das rochas do aquífero Guarani, o maior do mundo.

Alguns estudos também têm apontado o vazamento sistemático do gás metano nos poços. Isso torna o gás natural produzido por “fracking” um agravador das mudanças climáticas, e não um combustível fóssil “limpo”, como seus proponentes insistem em vendê-lo.

São tantos os riscos que em Lancashire, no Reino Unido, a população pressionou e as autoridades proibiram testes exploratórios. Nos Estados Unidos, o estado de Nova York proibiu oficialmente o fracking, e Oklahoma, após aumento do registro de terremotos provocados pelo fraturamento dos poços – 35 em apenas oito dias do último mês de junho –, já se prepara para endurecer a legislação.

Apesar de não constar de seu Plano Decenal de Energia de 2013, o governo federal considera o fracking uma “alternativa energética” e está empenhado em desenvolver no país essa tecnologia sem debate público adequado.

Por isso, desde 2013 a Coesus – Coalizão Não Fracking Brasil – da qual a 350.org é membro e coordenadora nacional, realiza uma intensa campanha que culminou na suspensão, por via judicial, da 12ª Rodada do leilão de 240 blocos para a exploração de gás de xisto feito pela a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) em dezembro de 2013.

Para este ano, a ANP já anunciou que vai leiloar em 7 de outubro mais 269 blocos. Para a 13ª Rodada, há blocos em cima dos aquíferos Serra Geral e Guarani, no Paraná e São Paulo.

Para qualquer pessoa de bom senso, a decisão do governo federal é equivocada, perigosa e compromete o futuro do país. O Brasil não precisa do fracking. Temos recursos naturais que nos garantem a geração de energia limpa e renovável, a vanguarda das economias de baixo carbono.

Saiba mais sobre as ações da campanha no site www.naofrackingbrasil.com.br

Fonte – Nicole Figueiredo de Oliveira, 350.org Brasil / Época de 01 de setembro de 2015

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